[Liturgia] Tempo da Paixão

[Republicação] Texto publicado originalmente em 22 de março de 2010

Constituído de dois domingos que antecedem imediatamente a Páscoa, o Tempo da Paixão delineou-se no século VII, quando se começou a dar maior relevância ao mistério da Cruz. O segundo domingo da Paixão, ou Domingo de Ramos, primeiro dia da Semana Santa, revela o caráter quaresmal nas Orações e Leituras. Continuar lendo

[Liturgia] Tempo da Quaresma

[Republicação] Texto publicado originalmente em 18 de outubro de 2010

Exposição Dogmática

O Tempo da Septuagésima já nos demonstrou a necessidade de nos unirmos, pelo espírito de penitência, à obra redentora do Salvador. Pelo jejum e  outros exercícios de penitência, a Quaresma vai associar-nos a Ele de maneira efetiva. Mas não há Quaresma que valha, sem esforço pessoal de retificação da vida e de a viver com mais fidelidade, reparando, por qualquer privação voluntária, as negligências de outros tempos.

Paralelamente a este esforço, que exige de cada um de nós, a Igreja ergue diante de Deus a cruz de Cristo, o Cordeiro de Deus, que tomou sobre Si os pecados dos homens, e que é o verdadeiro preço da nossa Redenção. À medida que nos aproximamos da Semana Santa, o pensamento da Paixão tornar-se-á predominante, até chegar o momento de prender por completo a nossa atenção. Já desde o começo da  Quaresma, ela nos está presente, e é em união com os sofrimentos de Cristo que o exército cristão vai entregar-se à “santa quarentena”, indo ao encontro da Páscoa com a alegre certeza de partilhar da Ressurreição do Senhor.

Eis o tempo favorável, eis os dias da salvação.* A Igreja apresenta-nos a Quaresma nos mesmos termos com que a apresentava outrora aos catecúmenos e aos penitentes públicos, que se preparavam para as graças pascais do batismo e da reconciliação sacramental. Para nós, como para eles, a Quaresma deve ser um longo retiro, um treino, em que a Igreja nos exercita na prática de uma vida cristã mais perfeita. Aponta-nos o exemplo de Jesus e, através do jejum e da penitência, associa-nos aos seus sofrimentos, para nos fazer participar da Redenção.

Lembremo-nos que não estamos isolados, nem somos os únicos  em causa nesta Quaresma, que ora se empreende. É todo o mistério da Redenção que a Igreja põe em ação. Fazemos parte dum conjunto imenso, em que somos solidários de toda a humanidade, resgatada por Jesus Cristo. –A liturgia do tempo não se cansará de o recordar. Nas matinas dos domingos, as lições do Antigo Testamento, começadas na Septuagésima, continuam a lembrar, a largos traços, a historia do povo judeu, em que se consignam os desígnios de Deus acerca da salvação de todo o gênero humano o afastamento de Esaú em beneficio de Jacó (não é a linhagem terrestre, mas a escolha gratuita, agora estendida a todas as nações, que faz os eleitos); José, vendido por seus irmãos, e salvando o Egito, é Jesus salvando o mundo, depois de ser rejeitado e traído pelo seus; Moisés, que arranca o seu povo à escravidão, e o conduz à terra prometida, é Jesus que nos liberta do cativeiro do pecado e abre as portas do Céu. Os evangelhos não são menos eloqüentes: a narrativa da tentação de Jesus, mostra o Segundo Adão, novo chefe da humanidade, a contas com as astúcias de Satanás, mas esmagando-o com o seu poder  divino; a parábola do homem armado e expulso, por um mais forte, do domínio que usurpara, é ainda afirmação da vitória de Cristo.

Tal é o sentido da nossa Quaresma: um tempo de aprofundamento espiritual, em união com a Igreja inteira, que se prepara para a celebração do mistério pascal. Todos anos, a exemplo de Cristo, seu chefe, o povo cristão, num esforço renovado, retoma a luta contra a maldade, contra Satanás e o homem de pecado, que cada qual arrasta em si mesmo, para  haurir, na páscoa, um suplemento de vida, renovada nas próprias fontes da vida divina e continuar a marcha para o Céu.

Epistola do Primeiro Domingo da Quaresma

Apontamentos de Liturgia

O Tempo da Quaresma começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina no sábado Santo. Os últimos quinze dias deste longo período constituem o Tempo da Paixão. Outrora, a Quaresma começava no primeiro domingo, mas os dias que precedem foram acrescentados para perfazer os quarenta dias de jejum. De contrário, ficaria apenas trinta e seis, visto não se jejuar aos domingos.

O jejum de quarenta dias, “inaugurado pela Lei e pelos Profetas, e consagrado pelo próprio Cristo”, foi sempre uma das práticas essenciais da Quaresma. A liturgia a ele alude constantemente, e o prefácio do Tempo recorda-o todos os dias.

Mas o jejum irá de par com a oração, como todos os exercícios penitenciais da Quaresma, é oferecido a Deus em união com o sacrifício do Salvador, diariamente renovado na Santa Missa. Cada dia da Quaresma tem missa própria, devido ao fato de outrora toda a comunidade cristã de Roma assistir diariamente à Santa Missa, durante esta quadra. Daí o indicar-se a “estação”, a Igreja em que se celebrava, nesse dia, a missa da comunidade romana.

Todas as missas feriais incluem, depois da póscomunhão, uma “oração sobre o povo”, precedido dum convite à penitência e à humildade: “Baixai vossas cabeças diante de Deus.” O caráter penitencial é acentuado pelo silêncio do órgão. Os paramentos são roxos. À 2ª, 4ª e 6ª feiras repete-se o trato da Quarta-Feira de Cinzas: “Senhor, não nos trateis conforme merecem os nossos pecados…”.

Rubricas

I. Os domingos da Quaresma são de 1ª classe. Têm sempre Missa e Vésperas. A Quarta-Feira de Cinzas e toda a Semana Santa são férias de 1ª Classe e não admitem nenhuma comemoração.

II. A comemoração da féria é privilegiada: faz-se sempre e antes de qualquer outra.

III. As férias das Quatro-Têmporas são de 2ª classe, e preferidas mesmo às festas particulares de 2ª classe; as outras férias da Quaresma são de 3ª classe e preferidas às memórias e às festas de 3ª classe.

IV. As Quatro-Têmporas da Quaresma verificam-se na primeira semana; seguem as mesmas regras das do Advento.

Texto extraído do Missal Romano Quotidiano de Dom Gaspar Lefebvre

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3º Domingo depois da Páscoa (25/04/2010)

2ª classe – Cor Branca

Epístola de São Pedro I; 2, 11-19

Caríssimos, rogo-vos que, como estrangeiros e peregrinos, vos abstenhais dos desejos da carne, que combatem contra a alma. Comportai-vos nobremente entre os pagãos. Assim, naquilo em que vos caluniam como malfeitores, chegarão, considerando vossas boas obras, a glorificar a Deus no dia em que ele os visitar. Por amor do Senhor, sede submissos, pois, a toda autoridade humana, quer ao rei como a soberano, quer aos governadores como enviados por ele para castigo dos malfeitores e para favorecer as pessoas honestas. Porque esta é a vontade de Deus que, praticando o bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos. Comportai-vos como homens livres, e não à maneira dos que tomam a liberdade como véu para encobrir a malícia, mas vivendo como servos de Deus. Sede educados para com todos, amai os irmãos, temei a Deus, respeitai o rei. Servos, sede obedientes aos senhores com todo o respeito, não só aos bons e moderados, mas também aos de caráter difícil. Com efeito, é coisa agradável a Deus sofrer contrariedades e padecer injustamente, por motivo de consciência para com Deus.

Evangelho segundo São João; 16, 16-22

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Ainda um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver, porque vou para junto do Pai. Nisso alguns dos seus discípulos perguntavam uns aos outros: Que é isso que ele nos diz: Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver? E que significa também: Eu vou para o Pai? Diziam então: Que significa este pouco de tempo de que fala? Não sabemos o que ele quer dizer. Jesus notou que lho queriam perguntar e disse-lhes: Perguntais uns aos outros acerca do que eu disse: Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver. Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria. Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas, depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria.

Sexta-Feira da Oitava da Páscoa (09/04)

Sexta-Feira da Oitava da Páscoa

I Classse – Cor Branca

A Epístola é a explicação do artigo do Credo: “Foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos (limbo), ao terceiro dia ressurgiu dos mortos”. O Evangelho que narra a última aparição de Jesus, é o compêndio da história da Igreja e de sua missão no mundo (Com.).

Celebremos com solenidade a Páscoa (Ofertório) que recorda a nossa regeneração (Secreta) e libertação do pecado (Introito) por meio da Cruz (Alleluia). Devemos professar as promessas do Batismo com a santidade da vida (Pos-Communio) e fazendo boas obras (Oratio).

Introito

O Senhor os fez caminhar na esperança, aleluia: ele sepultou nás águas do mar os seus inimigos, aleluia, aleluia, aleluia. Sl. Observa, meu povo, a minha lei; teus ouvidos prestem atenção às palavras de minha boca. V. Gloria ao Pai.

Oratio

Ó Deus onipotente e eterno, que quisestes estabelecer os mistérios pascais como sinal de vossa aliança com a humanidade, concedei às nossas almas a graça de realizar em sua vida o que pela fé celebram. Por N.S.

Gradual

Este é o dia que o Senhor nos preparou: exultemos e alegremo-nos nele. Bendito o que vem em nome do Senhor! Deus é o Senhor: Ele nos iluminou. Aleluia, aleluia. Publicai entre as nações que o Senhor reinou pelo madeiro.

25 de Março – Festa da Anunciação de Nossa Senhora

Meditação VI

Da Anunciação de Maria Santíssima Senhora Nossa pelo Príncipe Embaixador S. Gabriel Arcanjo

(Pe. Manuel Bernardes)

“Considera, primeiramente, a disposição espiritual e corporal em que a soberana Rainha dos Anjos Maria Santíssima Senhora Nossa se achava quando o Altíssimo lhe enviou essa embaixada. Era a Senhora entrada nos quinze anos de sua idade (que também a esses quinze degraus tinha subido daquele vivo Templo, para o ser de Deus humanado), e dos desposórios com o patriarca S. José tinham passado quatro meses, que são os que correm de dezembro até 25 de março. A sua formosura, saúde, asseio, perfeição e composição de todos os seus membros era cabal e absoluta, por benefício do Senhor como Autor não só da Natureza, mas também da graça, pois carecia de todo pecado original e atual, que costuma impedir ou desmanchar muitos desses efeitos. (…)

“(…) no mesmo momento que a Senhora disse aquela brevíssima e felicíssima palavra (Fiat mihi secundum verbum tuum: Faça-se em mim conforme a vossa palavra), obrou a Santísssima Trindade três coisas juntamente: formou um corpozinho humano perfeitíssimo do puríssimo sangue da Virgem (…); criou de nada uma alma racional nobilíssima e a uniu naturalmente com aquele corpozinho, e esta alma, a este corpo e a esta união entre eles, uniu hipostaticamente só com a Pessoa do Verbo Divino; e ficou o Verbo feito carne: Et Verbum caro factum est; e a Virgem, sem deixar de o ser, verdadeira Mãe de Deus. Pelo que seja dada a este Senhora (e a sua Mãe Santíssima respectivamente) toda a glória e o louvor; todo o joelho se dobre, todos os corações O amem, todas as línguas O magnifiquem, pois só Ele é Santo, só Ele é Senhor, só Ele obra coisas grandes e maravilhosas: Qui facit mirabilia magna solus.”

Fonte: Meditações sobre os principais mistérios da Virgem Santíssima Senhora Nossa Mãe de Deus, Rainha dos Anjos e Advogada dos Pecadores oferecidas à mesma Senhora / Pe. Manuel Bernardes (1644-1710). – 1. ed. – Brasília : Ed. Pinus, 2010. xxxp.

>>> Santa Missa no Instituto Bíblico de Brasília, às 19H30 <<<

Anunciação de Nossa Senhora (I): São Gabriel Arcanjo

 

 

 

 

 

 

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Em preparação para a Festa da Anunciação de Nossa Senhora, no dia 25 de março, postamos hoje algo sobre São Gabriel Arcanjo, cuja festa se celebra hoje, 24 de março.

O trecho a seguir é extraído do livro Legenda Aurea.

“A anunciação do Senhor é assim chamada porque no dia agora festejado um anjo anunciou o advento do Filho de Deus na carne. Por três razões convinha que a encarnação do Filho de Deus fosse precedida pela anunciação do anjo.

Primeira razão, que a ordem da reparação correspondesse à ordem da prevaricação. Do mesmo modo que o diabo tentou a mulher para levá-la à dúvida, da dúvida ao consentimento, do consentimento à queda, o anjo Gabriel anunciou à Virgem para estimular sua fé e levá-la da fé ao consentimento, do consentimento à concepção do Filho de Deus.

Segunda razão, o ministério do anjo, porque sendo o anjo ministro e escravo de Deus, e tendo a bem-aventurada Virgem sido escolhida para mãe de Deus, era conveniente que o ministro servisse a senhora e era justo que a Anunciação fosse feita à bem-aventurada Virgem por um anjo.

Terceira razão, reparar a queda do anjo, já que se a Encarnação não teve por único objetivo reparar a queda do homem, mas também reparar a ruína do anjo, os anjos não deviam ficar excluídos dela. Assim como a mulher não está excluída do conhecimento do mistério da Encarnação e da Ressurreição, o mesmo deveria acontecer com o mensageiro angélico.”

“Ó Deus, que entre todos os Anjos, escolhestes o Arcanjo Gabriel para anunciar o Mistério de vossa Encarnação, concedei-nos por vossa bondade, que, depois de celebrarmos a sua festa na terra, gozemos no céu os efeitos de sua proteção!”

1º Domingo da Paixão

1º DOMINGO DA PAIXÃO

Estação em São Pedro

Iª classe – Paramentos roxos

“Pai, se for possível, afaste-se de mim este cálice. Todavia, faça-se a vossa vontade, e não a minha!”.

Os últimos dias que nos separam da prisão de Jesus, mostram-no-Lo constantemente como objeto do ódio de seus inimigos. Mas, que grandeza divina no modo como Ele próprio vai ao encontro da Paixão, senhor dos acontecimentos, dominando os adversários, seguro da “sua hora”, aquela em que, pela obediência ao Pai e pela efusão do sangue, vai realizar-se a Redenção! Avançam-se os estandartes do Rei: é o mistério da Cruz, em que a Vida sofreu a morte, e pela morte restaurou a vida” (hino de vésperas). No limiar destas augustas semanas, a Igreja mostra-nos, em Jesus, a vitima imaculada do sacrifício, que se prepara, e também o vencedor da morte, o príncipe da vida. Os pensamentos da Igreja vão exclusivamente para Jesus. Ela continua a oferecer a Deus a penitencia quaresmal dos fieis, mas a sua atenção concentra-se na Paixão do Senhor, de quem nos vem a salvação. Isto é particularmente sensível nas partes cantadas das missas desta semana e da Semana Santa. Os textos, em vez de estarem no plural, estão, o mais das vezes, na primeira pessoa do singular: Cristo fala só. Toma sobre si a prece e a angustia de todos. Ele é o justo perseguido, que a morte atemoriza, que os pecadores ameaçam, que implora graça e justiça.


EPISTOLA

de S. Paulo aos Hebreus 9, 11-15

Substituindo todos os sacrifícios da antiga Lei, o sacrifício de Cristo é de tal perfeição, que basta para expiar, duma vez para sempre, os nossos pecados e para franquear-nos, de novo, a porta do Céu. Irmãos: Cristo veio como Pontífice dos bens futuros; e, passando por um tabernáculo mais exclente e perfeito, não construído por mão de homem, isto é, não deste mundo, não foi com o sangue dos chibos ou dos bezerros, mas com o seu próprio sangue, que Ele entrou, de uma vez para sempre, no Santo dos Santos, depois de ter adquirido uma redenção eterna. Com efeito, se o sangue dos chibos e dos touros, bem como a cinza de uma vitela, com que se aspergem os impuros, os santifica quanto à pureza do corpo, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito Santo se ofereceu a Si mesmo, sem mácula, a Deus, não purificará a nossa consciência das obras da morte, para servir ao Deus vivo? É esta a razão porque Ele é o Mediador da Nova Aliança: morrendo para resgatar os pecados cometidos sob a primeira Aliança, quis que recebessem a herança eterna os escolhidos, a quem foi prometida, em Jesus Cristo, nosso Senhor.

EVANGELHO

segundo S. João 8, 46-59

Jesus afirma a sua divindade cada vez com mais insistência. É isso mesmo que os seus inimigos Lhe censuram e Lhe merecerá a condenação. Mas aqueles que acolheram as suas palavras, como enviado de Deus, segui-Lo-ao na vida eterna. Naquele tempo: Disse Jesus à multidão dos Judeus: Qual de vós Me arguirá de pecado? Se Eu cós digo a verdade, porque não acrediteis em Mim? Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus. Se vós as não ouvis, é porque não sois de Deus. Responderam, então, os Judeus, e disseram-Lhe: Não dizemos nós, com razão, que Tu é um samaritano, e que tens o demônio? Jesus respondeu: Eu não tenho o demônio; ao contrario, honro o meu Pai; vós é que me desonrastes. Eu não busco a minha glória; há quem tome cuidado dela, e fará justiça. Em verdade, em verdade vos digo: Quem guardar a minha palavra, não verá a morte eterna. Disseram-Lhe por isto os Judeus: Agora é que conhecemos que estás possesso do demônio. Abraão morreu e os profetas, e Tu dizes: Quem guardar a minha palavra, nunca saberá o que é morte eterna. Porventura és Tu maior que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas também morreram. Quem pretendes Tu ser? Jesus respondeu: Se Eu me glorifico a Mim mesmo, não é nada a minha glória; meu Pai é que Me glorifica, Aquele mesmo que vós dizeis que é vosso Deus. Contudo vós não O conheceis. Eu sim, conheço-O, e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, suspirou por ver meu dia; viu-o, e ficou cheio de gozo. Disseram-lhe, por isto os Judeus: Tu ainda não tens cinqüenta anos, e viste Abraão? Jesus respondeu-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou. Então pegaram em pedras para Lhe atirarem, mas Jesus encobriu-se, e saiu do templo.

>>> MISSA NO INSTITUTO BÍBLICO DE BRASÍLIA, ÀS 17H00.

4º DOMINGO DA QUARESMA

*** MISSA NO INSTITUTO BÍBLICO (endereço ao lado) – 14/03, ÀS 17H00

Estação na Igreja de Santa Cruz de Jerusalém

1ª classe – Paramentos cor-de-rosa ou roxos

“Laetare”. É o grito de júbilo, ao chegar o meio da quaresma, antecipação da alegria pascal, que há de jorrar da Cruz. Em Roma, a estação congregava-se na igreja de Santa Cruz de Jerusalém, escolhida, propositalmente, para cantar as alegrias e as grandezas da nova Jerusalém, a Igreja terrestre e a Cidade celeste.

No breviário, a Igreja propõe-nos a leitura da história de Moises, que se resume em dois grandes acontecimentos. Por um lado, Moises liberta o povo de Deus do cruel cativeiro do Egito, e fá-lo atravessar o Mar Vermelho. É a libertação, o termo da escravatura. Por outro lado, sustenta-o com o maná, no deserto, dá-lhe a Lei do Sinai e leva-o à terra prometida, onde se erguerá, um dia, a Cidade Santa de Jerusalém, à qual todas as tribos se dirigiam anualmente, para cantar a alegria de serem o povo privilegiado, escolhido por Deus.

A Missa mostra a realização destas figuras. O verdadeiro Moises é Cristo, que, tendo-nos libertado da escravidão de Satanás e do pecado, nos faz atravessar as águas do batismo, nos alimenta com a Eucaristia, nos introduz na sua Igreja, a verdadeira Jerusalém e antecipação do Céu, onde os eleitos entoarão, eternamente, o cântico dos resgatados.

A Igreja sente-se imensamente feliz de possuir estas riquezas, de as ver renovadas incessantemente e de poder comunicá-las. É com este pensamento que, a meio caminho, olhos fitos na Páscoa, a mesma Santa Igreja nos convida a respirar a aragem refrigerante da graça.

Os paramentos cor-de-rosa, o órgão, as flores no altar, são sinais da sua alegria, que as jubilosas melodias gregorianas vêm, ainda, sublimar.

EPÍSTOLA de São Paulo aos Gálatas 4, 22-31

Em linguagem alegórica, em que Agar prefigura a Sinagoga, e Sara, a Igreja, S. Paulo dá-nos a interpretação duma cena célebre do Gênesis (16 ; 21, 1-21), demonstrando que, na economia da salvação, tudo depende do don de Deus – “a Promessa”. Os herdeiros desta promessa são os que crêem em Jesus, que é a sua realização.

Irmãos: Está escrito que Abraão teve dois filhos: Um da escrava e outro da livre. Mas o da escrava nasceu segundo a carne; e o da livre, em virtude da promessa. Em tudo isto se pode ver uma alegoria: Estas mulheres são as duas alianças: – uma, a do monte Sinai, que gera para a escravidão: É Agar, pois o monte Sinai é um monte da Arábia, o qual corresponde à Jerusalém atual, que é escrava com seus filhos. Porém, a Jerusalém do Céu é livre, e é nossa mãe, pois está escrito: alegra-te, estéril, tu que não dás à luz; exulta e grita, tu que não estás de parto, porque os filhos da abandonada são mais do que os da que ficou com o marido. Ora nós, irmãos, somos filhos da promessa, como Isaac. Mas, assim como aquele que tinha nascido, então, segundo a carne, perseguia o que tinha nascido segundo o espírito, assim é o mesmo agora. Que diz, porém, a Escritura? Expulsa a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava não será herdeiro com o filho da livre. É assim, irmãos, que nós não somos filhos da escrava, mas da livre; e esta liberdade foi Cristo que no-la deu.

EVANGELHO segundo S. João 6, 1-15

A multiplicação dos pães é anuncio e símbolo da Eucaristia, que é, por excelência, o sacramento pascal, prometido aos batizados. “Os vossos pais comeram o maná, no deserto, e morreram. Eu sou o pão vivo, descido do céu; todo aquele que comer deste pão, viverá eternamente. E o pão, que Eu darei, é a minha carne, para a vida do mundo.”

Naquele tempo: Passou Jesus à outra banda do mar da Galiléia, isto é, de Tiberíades, acompanhando-O uma grande multidão, porque via os milagres que fazia em favor dos que estavam enfermos. Subiu, pois, Jesus, a um monte, e sentou-se ali com seus discípulos. Ora a Páscoa, a festa dos Judeus, estava próxima. Jesus, então, tendo levantado os olhos e vendo que vinha ter com Ele uma grande multidão, disse a Felipe: Onde compraremos nós pão, para dar de comer a esta gente? Dizia, porém, isto, para o experimentar, pois bem sabia o que havia de fazer. Respondeu-lhe Felipe: Duzentos dinheiros de pão não bastam para que cada um receba um pequeno bocado. Um de seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe: Está aqui um rapaz, que tem cinco pães de cevada e dois peixes: mas que é isto para tanta gente? Jesus, porém, disse: fazei sentar essa gente. – Naquele lugar havia muito feno. – Sentaram-se, pois, em número de cerca de cinco mil homens. Então Jesus tomou os pães, e, tendo dado graças, distribui-os aos que estavam sentados; e igualmente os peixes, quanto eles queriam. Uma vez saciados, disse a seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que se não percam. Recolheram-nos eles, e encheram doze cestos com os pedaços dos cinco pães de cevada que sobejaram aos que tinham comido. Vendo então aqueles homens o milagre que Jesus fizera, diziam: Este é verdadeiramente o Profeta que deve vir ao Mundo. Jesus, porém, sabendo que O viriam arrebatar para O fazerem rei, retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

III Domingo da Quaresma (07/03)

*** MISSA NO INSTITUTO BÍBLICO (endereço ao lado) ÀS 17H00

1ª classe – Paramentos roxos

Estação em São Lourenço “extra muros”

São Lourenço “extra muros” é uma das cinco basílicas patriarcais de Roma.

A missa deste domingo apresenta-nos Jesus a contas com Satanás. Fulmina-o e expulsa-o do corpo dum possesso “evangelho”. Logo ao principiar o seu ministério, Jesus teve de medir-se com o demônio. Quando chegar a Paixão, travará o combate supremo, mas a vitória está-lhe assegurada. “Vem aí o príncipe deste mundo, mas não tem nenhum poder sobre mim.” O próprio Jesus resume a sua obra como uma vitória definitiva sobre Satanás: “Vai agora ser lançado fora o príncipe deste mundo; quanto a mim, quando for erguido da terra, atrairei todos os homens.”

É, pois, toda a missão de Jesus que se nos apresenta, como um combate e um triunfo sobre o demônio. No decurso da Quaresma, a Igreja não podia deixar de o sublinhar. Apresentou-nos, já no primeiro domingo, evangelho da tentação, cujo sentido foi então explanado. Expulso, hoje, do corpo dum possesso, o demônio vê escapar-se-lhe todo o domínio que havia usurpado. Estamos a caminho da Paixão e do batismo da noite pascal: depois do exorcismo sobre os catecúmenos, Jesus tomará plena posse das almas que resgatou.

A luta contra Satanás prossegue-se na vida dos batizados. Enquanto não reconhecer a Cristo, a humanidade muda e cega, é presa fácil do demônio; abrindo os olhos para a luz, fixa o Salvador, e, fortalecida com a sua graça, envereda por caminhos novos, longe das trevas do pecado (epístola).

EPÍSTOLA de S. Paulo aos Efésios 5, 1-9

Arrancados ao julgo de Satanás, príncipe das trevas, enveredemos, pelas pegadas de Cristo, isto é, por caminhos de caridade e de pureza, alumiados pelo seu celeste fulgor.

Irmãos: Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados; e andai no amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós a Deus, como oferenda e sacrifício de suave odor. Nem sequer se nomeie entre vós a fornicação, ou qualquer impureza, ou avareza, como convém a santos; nem palavras torpes, nem parvoíces, nem chocarrices, que são coisas despropositadas; mas antes ações de graças. Porque – sabei-o bem – nenhum fornicador, ou impudico, ou avaro, isto é, nenhum idólatra, entrará na herança do reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos seduza com razões vãs: Porque é por estas coisas que vem a ira de Deus sobre os incrédulos. Não queirais, pois, ser seus cúmplices. Porque outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Andai como filhos da luz, porque o fruto da luz consiste em ser bom, justo e verdadeiro, em tudo.

EVANGELHO segundo S. Lucas 11, 14-28

“Se é pelo poder de Deus que expulso os demônios, é que então o Reino de Deus chegou.” Toda e qualquer vitória sobre o demônio é uma projeção do Reino de Deus. Quer se trate de nós, quer dos que nos rodeiam, é isto uma verdade incontestável e consoladora.

Naquele tempo: Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo. E, depois de ter expulsado o demônio, o mudo falou, e as turbas admiraram-se. Alguns, todavia, disseram: Ele expulsa os demônios em virtude de Belzebu, príncipe dos demônios. E outros, para o porem à prova, pediam-lhe um prodígio do céu. Ele, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo, acaba em ruína, caindo casa sobre casa. Ora, se Satanás está dividido contra si mesmo, como pode manter-se de pé o seu reino? Já que dizeis que é por virtude de Belzebu que eu expulso os demônios: Se é por virtude de Belzebu que eu expulso os demônios, por virtude de quem é que vossos filhos os expulsaram? Por isso eles serão os vossos juizes. Ora, se é por virtude Deus que expulso os demônios, certamente chegou para vós o reino de Deus. Quando um, valente e bem aramado, guarda a entrada da sua casa, estão em segurança os bens que possui. Mas se, sobrevier outro mais forte que ele, e o vencer, tira-lhe todas as armas, em que confiava, e reparte os seus despojos. Quem não está por mim, está contra mim; e quem não colhe comigo, desperdiça. Quando o espírito imundo saiu dum homem, vagueia por lugares áridos, em busca de repouso. Não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, quando vem, encontra-a varrida e em ordem. Então, vai arranjar outros sete espíritos piores do que ele, e, entrando, ali se instalam: E o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Ora, aconteceu que, enquanto ele dizia isto, uma mulher levantando a voz, do meio da multidão, disse-lhe: bem-aventurado o ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram. Ele, porém, disse: Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus, e as põem em pratica.

[Liturgia] Segundo Domingo da Quaresma

2º DOMINGO DA QUARESMA

Estação em Santa Maria “in Domnica”

1ª classe – Paramentos roxos

É profundo o contraste entre a glória de Jesus no Tabor, e o aniquilamento da sua Paixão. Mas Deus, em seus insondáveis desígnios de Redenção, quer que seu Filho sofra os castigos dos nossos pecados e passe pelo sofrimento e a morte, para nos elevar à glória da sua Ressurreição.

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