[Sermão] A Ascensão do Senhor

Sermão para a Solenidade da Ascensão
12 de maio de 2013 – Padre Daniel Pinheiro

 

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…

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Se alguém ouviu falar em uma aparição de Nossa Senhora Aparecida aqui no Distrito Federal, por favor não se deixe enganar. O Padre responsável por isso abandonou a Igreja Católica, depois abandonou uma Igreja Ortodoxa, portanto cismática, e fundou sua própria religião, casando-se e divorciando-se várias vezes. O que acontece ali é obviamente algo puramente natural, não há nada de sobrenatural e não há nada de católico, apesar de Nossa Senhora Aparecida ser invocada para atrair e enganar os católicos. Mais uma vez, peço que não se deixem levar e enganar por essas supostas aparições recentes, que prejudicam as almas. (Nota do Editor: ver o sermão “A Armadilha das falsas aparições”)

Peço as orações de todos pelo Apostolado para que possa avançar materialmente e, sobretudo, espiritualmente.

Celebramos hoje a Solenidade da Ascensão. A Festa acontece sempre na quinta feira após o V Domingo depois da Páscoa, 40 dias depois da Páscoa. A Ascensão é festa de Preceito, mas como no Brasil não é feriado, não existe, para a Ascensão, a obrigação de ir à Missa na quinta-feira. Mas para que os fiéis não fiquem sem a graça própria do Mistério da Ascensão, a Igreja faz a solenidade no Domingo seguinte. A graça própria do Mistério da Ascensão está expressa na Coleta de hoje: que nós tenhamos nosso espírito já no céu, que nós possamos desejar o céu. Fazer a solenidade de Festas no Domingo não é algo tão recente quanto parece. Pelo menos desde o tempo de São Pio X há essa prática, depois que esse Santo Papa fez algumas mudanças no Calendário, tirando certas festas do Domingo. Foi permitido, então, fazer a solenidade delas no Domingo. A necessidade de fazer essas solenidades de festas de preceito surge com a prejudicial separação da Igreja e do Estado, fazendo que os feriados civis já não correspondam aos dias de preceito, prejudicando a prática da Religião.

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E o Senhor Jesus, depois que assim lhes falou, elevou-se ao céu, e está sentado à direita de Deus.

Nessa solenidade da Ascensão, caros católicos, devemos considerar a alegria que nos causa a Ascensão de Cristo, devemos considerar a importância dos 40 dias que Nosso Senhor passou na Terra depois da Ressurreição e devemos considerar a importância das últimas palavras de Cristo.

Como dissemos no último Domingo, caros católicos, a Ascensão do Senhor poderia parecer para nós motivo de tristeza, pois nos tira a presença física de Nosso Senhor. Ao contrário, porém, ela deve ser para nós motivo de grande alegria. Alegria pelo que a Ascensão significa para Cristo e alegria pelo que ela significa para nós.

Motivo de alegria pelo que a Ascensão significa para Cristo. Aqui na Terra foi condenado pelo tribunal dos homens, humilhado, tratado como um verme. Foi zombado pelos homens por ter atribuído a si a divindade e os atributos divinos. A Ascensão é a resposta de Nosso Senhor e da Santíssima Trindade. Aquele que é perseguido e humilhado por causa da justiça – e justiça quer dizer aqui santidade – será exaltado. Nosso Senhor ressuscitou e subiu aos céus por sua própria virtude, demonstrando a sua divindade. Ele sobe aos céus para sentar-se à direita do Pai. Como falamos, à direita, porque Nosso Senhor é também Deus como o Pai é Deus e como o Espírito Santo é Deus, nem inferior, nem superior, nem acima nem abaixo, mas à direita. As três pessoas são um só Deus. E ele está sentado. O estar sentado é a posição do soberano. Estar sentado à direita do Pai significa a realeza de Cristo, significa que ele detém o poder de governo, de legislador, de juiz. Nosso Senhor é rei imortal, rei das almas e das nações. Além disso, já não convinha ao corpo glorioso de Cristo habitar aqui embaixo. O corpo glorioso demanda uma habitação que corresponda à sua glória: o céu. Finalmente, com a Ascensão nós temos a certeza de que o sacrifício de Cristo na Cruz foi agradável a Deus. No Antigo Testamento, a aceitação do sacrifício era simbolizada pela fumaça que subia aos céus, dirigindo-se para Deus. No Novo Testamento, é a Ascensão de Nosso Senhor que manifesta a aceitação plena do sacrifício oferecido no Calvário. Com a Ascensão, a justiça está plenamente realizada. A obediência e a caridade infinita de Nosso Senhor Jesus Cristo recebem a recompensa completa com a Ascensão. Só podemos nos alegrar com tal fato.

A Ascensão de Cristo também é para nós motivo de alegria pelos benefícios que nos traz. Motivo de alegria porque Nosso Senhor age, no céu, para aplicar os méritos infinitos adquiridos durante sua vida aqui na Terra, adquiridos sobretudo durante sua paixão e morte. Alegria porque Cristo, tendo subido aos céus, nos enviou o Espírito Santo, para ensinar toda a verdade aos Apóstolos e à Igreja, e para dar a força necessária para transmitir e viver essa verdade. A Ascensão do Senhor é motivo de alegria porque favorece as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. A Ascensão aumenta o mérito da nossa fé. Nossa fé tem muito mais valor com Cristo no céu do que se Ele estivesse entre nós fisicamente, pois a fé é daquilo que não se vê. A Ascensão aumenta nossa esperança, pois aumenta o nosso desejo do céu e nos dá a certeza de que, auxiliados com a graça divina, podemos chegar até o céu. Se a cabeça subiu ao céu, também os membros devem subir. Assim, se vivermos como bons católicos, seremos membros de Cristo e subiremos ao céu junto com Ele. E Nosso Senhor diz que vai preparar o nosso lugar na casa do Pai, o que é motivo de grande esperança. A Ascensão de Cristo aumenta também a caridade. Nosso coração, nosso amor se encontra onde está o nosso tesouro. Ora, nosso tesouro é Cristo, no qual se encontra a nossa salvação. Assim, a Ascensão nos faz amar as coisas do alto e os meios para alcançar as coisas do alto, que são os mandamentos e a fé católica e impede um amor muito terreno a nosso salvador. Grande deve ser, então, nossa alegria nesse dia da Ascensão do Senhor.

Consideremos, agora, brevemente a importância dos 40 dias entre a Ressurreição e a Ascensão do Senhor. Depois de sua Ressurreição, Nosso Senhor Jesus Cristo passou quarenta dias na terra, para provar por muitos meios sua Ressurreição e para falar aos apóstolos e discípulos sobre o reino de Deus, como nos diz São Lucas nos Atos dos apóstolos hoje (Atos I). Portanto, Nosso Senhor passou esses quarenta dias instruindo os apóstolos sobre as verdades de fé, sobre a Igreja e sua constituição hierárquica, sobre as Sagradas Escrituras. Foi nesse período que, muito provavelmente, Nosso Senhor instituiu quatro dos sete sacramentos: os sacramentos da confissão, da crisma, da extrema-unção, do matrimônio. Muito pouco do que Cristo ensinou nesses quarenta dias nos foi transmitido pela Sagrada Escritura. Como é óbvio, caros católicos, nem tudo o que Nosso Senhor ensinou está contido na Sagrada Escritura, ao contrário do que pretendem os protestantes. São João Evangelista diz que Jesus fez ainda muitas coisas que não foram escritas (São João XXI, 25). É a própria Sagrada Escritura que afirma que Cristo fez coisas que não estão contidas na Bíblia, mas que se transmitem pela Tradição. Quem lê a Sagrada Escritura com honestidade e reta intenção se dá conta dessa evidência. Esses quarenta dias que antecederam a Ascensão de Cristo e os ensinamentos do Divino Mestre nesse período com a instituição de quatro dos sete sacramentos são, então, importantíssimos para a nossa salvação.

Finalmente, podemos considerar brevemente as últimas palavras de Cristo antes de sua Ascensão. As últimas palavras de uma pessoa são o seu testamento espiritual, refletem o que tem de mais importante para essa pessoa. Nosso Senhor diz aos apóstolos “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. O que crer e for batizado, será salvo. O que, porém, não crer, será condenado.” Essas últimas palavras expressam aquilo que moveu Nosso Senhor durante toda a sua vida aqui na terra: o desejo de que as pessoas se salvem. Mas, para tanto, é preciso que o Evangelho seja pregado, que as pessoas tenham a fé, e uma fé viva, acompanhada das obras, da prática dos mandamentos. É preciso que elas sejam batizadas. É essa a finalidade da Igreja: pregar o Evangelho, transmitir a fé, administrar os sacramentos para levar as almas para o Céu. Diante disso, vale lembrar que começa hoje, no Brasil, a semana de oração para a unidade dos Cristãos. É preciso lembrar que como cantamos no Credo, a Igreja de Cristo, que é a Igreja Católica já é una: ela é una pela unidade da fé, pela unidade dos sacramentos e pela unidade de governo, sob o Santo Padre. A Igreja de Cristo, a Igreja Católica não perdeu nem pode perder a sua unidade. Aqueles que perdem a fé, que rejeitam a autoridade eclesiástica ou os meios de santificação dados por Cristo se afastam da Igreja de Cristo e de sua unidade. A unidade não consiste em estar juntos. A verdadeira unida se faz com a mesma fé, a mesma autoridade, os mesmos sacramentos. A unidade entre Cristãos que deve ser buscada é, na verdade, a volta de hereges e cismáticos à unidade da Igreja Católica. Rezemos, durante essa semana para que aqueles que estão afastados da Igreja Católica, que é a Igreja de Cristo, possam voltar ao único rebanho de Cristo, fora do qual não há salvação. Rezemos para que isso aconteça, nessa semana em que, infelizmente, alguns erros contra a fé serão cometidos em nome de uma unidade mal compreendida. Lembremo-nos das palavras de Nosso Senhor: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. O que crer e for batizado, será salvo. O que, porém, não crer, será condenado.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

[Sermão] O milagre da multiplicação e a Eucaristia

Sermão para o Quarto Domingo da Quaresma (Laetare)
10 de março de 2013 – Padre Daniel Pinheiro

 

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…

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Estamos hoje no Domingo Laetare, Domingo da Alegria. Os paramentos rosas, as flores, o órgão e os textos da Missa indicam alegria. Trata-se de amenizar as austeridades da Quaresma para poder continuá-las com melhor disposição ainda para o resto desse tempo penitencial. Se alguém ainda não começou as práticas de penitência na Quaresma, é preciso fazê-lo desde já. Não podemos deixar passar esse tempo de graça e de misericórdia, para elevar o nosso coração ao alto, pela oração, pela mortificação, pelas obras de caridade.

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Gostaria de lembrar alguns pontos relativos à liturgia: o primeiro é que os fiéis devem fazer o sinal da cruz quando são aspergidos com água benta, no início da Missa. Os fiéis devem estar em pé quando o padre se volta para eles para dizer o Dominus Vobiscum na coleta e no ofertório. Finalmente, para receber a comunhão, é preciso levantar um pouco a cabeça e colocar a língua para fora, a fim de que o sacerdote coloque confortavelmente o Corpo de Cristo na boca do fiel.

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Regozijai-vos com ela de alegria, vós que tendes vivido na tristeza, porque sereis fartos de consolações.

Nós vemos, caros católicos, a bondade divina no Evangelho de hoje. A multidão seguia Nosso Senhor Jesus Cristo por causa dos milagres que fazia, nos diz o Evangelho, e, seguramente, o seguia também por suas palavras de vida eterna. Era uma multidão de cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças. Nosso Senhor, movido de compaixão, tem pena dessa gente. Essa multidão esqueceu até mesmo o alimento corporal, para poder seguir o Salvador. Buscou primeiro o Reino de Deus, e Cristo, na sua bondade, lhe deu o resto. Nosso Senhor multiplica os cinco pães e os dois peixes, e a multidão é saciada com tal abundância que sobraram ainda doze cestos de pães. Quão admirável é a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, no entanto, essa multiplicação de pães é somente uma pálida manifestação da bondade e misericórdia de Nosso Senhor.

Digo que ela é somente uma pálida manifestação da bondade e misericórdia divinas porque os cinco pães e os dois peixes são figura dos sete sacramentos, que alimentam a nossa alma. Os dois peixes são os dois sacramentos de mortos, quer dizer, para quem está em estado de pecado: batismo e confissão. Os cinco pães são os cinco sacramentos de vivos, para quem está em estado de graça: eucaristia, crisma, matrimônio, ordem, extrema-unção. Todavia, a multiplicação de pães é mais propriamente uma figura da Sagrada Eucaristia. Essa prefiguração se torna explícita em vários detalhes do Santo Evangelho de hoje. O primeiro deles é o fato de São João mencionar que a Páscoa estava próxima. Ele associa a multiplicação de pães à Páscoa. Ora, é justamente no dia da Páscoa judaica, no dia do sacrifício do cordeiro pascal, que Cristo instituiu a Eucaristia em união indissociável com o novo e eterno sacrifício, que é o sacrifício do Corpo e Sangue de Cristo. O segundo deles é o próprio fato da multiplicação, que prefigura a Santa Eucaristia. O mesmo e único Corpo de Cristo é multiplicado sobre os altares pelas palavras do sacerdote – “Este é o meu Corpo”, “Este é o Cálice do meu Sangue” – e conservado nos tabernáculos. A abundância de pães nos indica a abundância da graça que Cristo quer nos transmitir por meio do sacramento do seu Corpo e do seu Sangue. Na Eucaristia, é o próprio Cristo, homem e Deus, que está presente. Jamais poderemos receber integralmente a graça que Ele quer nos transmitir nesse sacramento. Também o cuidado com os fragmentos que sobraram nos dirigem para a Eucaristia, mostrando o cuidado que devemos ter para evitar qualquer profanação – por menor que seja ela – do Corpo de Cristo.

eucaristia_12É na Sagrada Eucaristia que se manifesta toda a caridade de Deus para conosco. Na Eucaristia, Nosso Senhor não alimenta o corpo de seus discípulos com simples pão. Na Eucaristia, Nosso Senhor alimenta a nossa alma com o seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. É Deus que se entrega a nós. É Nosso Senhor que se entrega a nós, sob as aparências do pão e do vinho. Mistério incompreensível da bondade divina. Nosso Senhor disse (Jo VI): “Eu sou o pão da vida. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.” Quando Cristo falou isso, muitos se escandalizaram e abandonaram o Salvador, exatamente como o fazem hoje os protestantes. Em Seguida Cristo dirá na Última Ceia: “Este é o meu Corpo” e “Este é o Cálice do meu Sangue”, transmitindo aos apóstolos o poder de realizar a mesma transformação, dizendo-lhes: “Fazei isso em memória de mim”. É, portanto, Deus que se faz presente no altar. É Deus que recebemos quando comungamos. Nunca devemos nos esquecer dessa verdade: É Deus que se entrega a nós na Sagrada Eucaristia.

Para receber dignamente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo – pois na Hóstia está Cristo inteiro, tal como ele se encontra no céu – devemos nos preparar adequadamente. A multidão que recebeu o favor da multiplicação dos pães nos auxilia a conhecer as disposições necessárias para receber o Corpo de Cristo. Primeiro, é preciso ter a fé, aderindo às verdades reveladas por Nosso Senhor e ensinadas pela Igreja. A multidão segue Cristo aonde ele vai e negligencia os bens desse mundo buscando primeiramente os bens do alto. Para receber a comunhão, é preciso ser católico, ter a fé e seguir Nosso Senhor. É preciso buscar antes as coisas do alto e não as coisas desse mundo. Vemos também que antes da multiplicação dos pães que Cristo curou os doentes. Isso significa que é preciso buscar a confissão antes de comungar, se por infelicidade cometemos um pecado mortal. Se alguém ousa comungar estando em pecado mortal, comete outro pecado gravíssimo, o pecado de sacrilégio, abusando daquilo que há de mais santo. Como pode esperar da misericórdia divina aquele que abusa dessa mesma misericórdia? Aquele que comunga nesse estado, não receberá evidentemente, nenhuma graça, mas receberá a sua própria condenação, como diz São Paulo: “aquele que se alimenta do Corpo do Senhor indignamente, será réu do Corpo do Senhor”. A Eucaristia significa a união e a incorporação a Cristo, que se faz somente pela graça santificante. Assim, se alguém comunga sem estar unido a Cristo pela graça e pela caridade, comete uma falsidade e um sacrilégio. Além disso, a eucaristia é alimento espiritual, e como todo alimento, ela serve para nutrir e fortificar alguém que já está vivo e não alguém que está morto.

Algumas pessoas comungam em pecado mortal por respeito humano, temendo que as outras pessoas pensarão justamente que ela está em estado de pecado mortal. Assim, elas terminam cometendo um sacrilégio. Ora, ninguém tem o direito de julgar uma pessoa porque ela deixou de comungar. Há inúmeras razões além do pecado mortal que podem nos conduzir a não comungar em determinado dia. Por exemplo, o fato de ter se distraído demasiado durante a Missa. Ou o fato de não ter feito o jejum eucarístico como diremos mais adiante. Ou o fato de não comungar porque a pessoa começa a comungar por pura rotina e começa a perder a devida reverência com o sacramento, etc. Assim, se alguém deixa de comungar, ninguém pode julgar que ela está em pecado mortal. A pessoa não deve se preocupar com o que os outros irão pensar. Ela deve ser preocupar com a misericórdia divina, ofendida pela comunhão indigna.  Portanto, para nos aproximarmos da Eucaristia, devemos estar em estado de graça, em amizade com Deus, com a consciência limpa de todo pecado mortal. É bom que estejamos arrependidos dos pecados veniais, fazendo um ato de contrição durante a Missa, por exemplo, mas isso não é indispensável. Não precisamos ser perfeitos para receber a Sagrada Eucaristia. Aliás, é pela Comunhão que conseguiremos vencer os pecados veniais. Além da fé e do estado de graça, a Igreja exige também que se pratique o jejum de alimentos e bebidas, exceto água e remédio, uma hora antes da comunhão. Esse jejum não precisa ser observado para os moribundos, claro. Finalmente, diz o Catecismo de São Pio X que é preciso a modéstia, tanto na própria pessoa como no vestir.

Como já sabemos, nós recebemos na Eucaristia o próprio Deus, o autor da santidade. Uma só comunhão bastaria para nos tornar santos, para nos levar a praticar as virtudes em grau heroico.  Por que ocorre, então, caros católicos, que comunguemos sem tirar grandes frutos de nossas comunhões, sem fazer grande progresso na nossa vida espiritual? A explicação está no fato de que não nos preparamos como deveríamos para receber a Sagrada Comunhão. Além da fé, do estado de graça, da modéstia, do jejum é preciso ter uma reta intenção ao comungar. Devemos comungar com a intenção de agradar a Deus e de nos unir a Ele e não por simples rotina ou vaidade. Para comungar com fruto abundante, devemos ter uma fé vivíssima na presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo sob as aparências de pão e vinho. Devemos ter uma humildade profunda, lembrando que se podemos receber o Corpo de Cristo, é unicamente devido a sua bondade infinita e não aos nossos méritos. Em seguida, devemos ter uma grande confiança, pois um Deus que se entrega a nós como alimento, quer o nosso bem, ele quer que nos salvemos. Ele espera tão somente a nossa cooperação. Em seguida, devemos ter um desejo ardente de receber Nosso Senhor na Sagrada Hóstia. Essa fome e sede de receber Nosso Senhor procede da caridade, procede do desejo de amizade com Cristo, do desejo de união com ele, querendo as mesmas coisas que Ele, querendo fazer de nós um outro Cristo. Deus nos dá uma graça imensa na Eucaristia. Essa preparação pela fé viva, pela humildade, pelo desejo ardente de receber Cristo para nos assemelhar a Ele fará que recebamos com grande fruto a Sagrada Eucaristia. E, para aumentar esses frutos, devemos fazer uma boa ação de graças após a recepção do sacramento. A preparação é mais importante do que a ação de graças ao receber a Sagrada Comunhão, mas a ação de graças também é essencial. Na ação de graças, devemos nos oferecer a Deus em união com Cristo, adorando-o, pedindo perdão por nossas faltas, pedindo-lhe as graças necessárias para nossa salvação e agradecendo-lhe todos os benefícios que Ele nos fez. Nós podemos nos dispor para receber somente um pouco ou muito dessa graça. Disponhamo-nos bem, caros católicos, para que sejamos santos. É nisso que consiste a nossa felicidade.

Regozijemo-nos de alegria, nós que temos vivido na tristeza, pois fomos saciados de consolações abundantes. Pode haver maior consolação e consolação mais abundante que o próprio Deus que se entrega a nós em alimento?  O Corpo de Cristo nos dá a força para combater com alegria o bom combate pela salvação de nossa alma e pela salvação da alma de nossos irmãos. Pela Sagrada Eucaristia possuímos Deus de um modo que nem mesmo o mais piedoso dos santos poderia imaginar e que somente a bondade infinita de Deus pôde inventar. Devemos fazer algo semelhante àquela multidão. Depois do grande milagre, quiseram proclamar Nosso Senhor rei, mas um rei puramente terreno. Nós pela comunhão devemos fazer de Cristo Rei da nossa alma e Rei das nações, para que elas sigam sua santa lei. Pela Sagrada Eucaristia nós possuímos um bem infinito. Eis a nossa felicidade. A Sagrada Eucaristia recebida com devoção é o céu aqui na terra. Ofereçamos a nossa boa comunhão de hoje pela eleição de um Papa Santo.

[Sermão] O Menino Jesus nos ensina pelo presépio de Belém

Sermão para a Solenidade do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo
25 de dezembro de 2012 – Padre Daniel Pinheiro

 

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…

Deus tendo falado outrora muitas vezes e de muitos modos a nossos pais pelos  profetas, ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio de seu Filho (Heb. I, 1,2)

Hoje, no dia do nascimento do Menino Jesus, no dia do nascimento do Verbo de Deus, no dia do nascimento da Palavra Eterna de Deus no tempo, não convém que o sacerdote faça uso de suas próprias e pobres palavras. Convém que o Menino Jesus, o Verbo humanado, pregue hoje o sermão. E como não podia ser diferente, seus ensinamentos são a verdade e estão expressos no presépio em Belém, nas circunstâncias de seu nascimento. Ele não fala uma palavra, sendo um recém-nascido, mas aquilo que Ele nos diz é sublime.

Escutemos atentamente e com devoção o que o Menino Jesus tem para nos falar, poie é simples, mas extremamente profundo e necessário para o bem de nossa alma.

O Menino Jesus nos ensina por meio da noite. Ele nasceu em uma das noites mais longas do ano e à meia-noite. Ele fez isso para que seu nascimento fosse conhecido de um pequeno número, nos ensinando a humildade, mas também para nos ensinar que Ele é a luz do mundo, que vem a esse mundo para iluminar a todos os homens, que jaziam nas trevas do pecado.

O Menino Jesus nos fala por meio do feno, do frio, dos panos que o envolvem. Com todas essas coisas, Ele nos ensina a mortificação, sem a qual pouco podemos fazer no caminho da salvação.

O Menino Jesus nos fala por meio do boi e do burro ali presentes. Isaías havia dito: o boi conhece o seu possuidor, e o asno, o estábulo do seu dono. Aí no boi e no asno estão significados os judeus e os pagãos. No asno, os pagãos porque eles, em particular, não compreenderam, antes da vinda de Cristo, a honra a que tinham sido elevados por Deus e haviam se tornado como asnos por causa de seus pecados e falsas religiões (referência ao Salmo 48, 13 e 21). Nada mais natural, em um estábulo, que a presença de um boi e de um burro, sobretudo em tempo de censo, no qual havia muitos viajantes que usavam bois e burros para se deslocarem a suas cidades de origem. Com a presença deles, a Divina Criança mostra que veio salvar a todos, judeus e gentios.

O Menino Jesus nos fala por meio da manjedoura. A manjedoura é o local em que os animais do estábulo se alimentam. A Divina Criança nos ensina que será para a nossa alma verdadeiro alimento. “Eu sou o Pão Vivo que desceu dos céus”, dirá Ele mais tarde.

O Menino Jesus nos fala por meio do estábulo. Toda a Terra e tudo o que ela contém pertence a essa criança. Ao querer nascer no estábulo, então, a Divina Criança nos ensina o desapego dos bens desse mundo… Ele nos ensina a usar dos bens que possuímos, sejam grandes ou pequenos, para servi-lo, unicamente. Ele nos ensina a pobreza de espírito, que faz de Deus o nosso verdadeiro tesouro. Sem esse desapego dos bens terrenos ninguém pode salvar-se.

O Menino Jesus nos fala por meio da cidade em que nasceu. Belém é a cidade de Davi. Nascendo em Belém, Ele nos ensina que é o filho de Davi, o Messias prometido desde a queda de Adão. E Belém significa casa do Pão. O Menino Deus nos ensina, insistindo, que Ele vai se tornar o alimento de nossas almas pela Santa Eucaristia.

O Menino nos fala por meio do censo estabelecido pelo Imperador e nos mostra que Ele é o Senhor da história e que mesmo os mais poderosos desse mundo estão sob seu domínio, pois Ele quis que o Imperador fizesse o censo para poder nascer em Belém e cumprir as profecias.

O Menino Jesus nos fala por meio dos pastores. São eles os primeiros homens a serem avisados da boa-nova. Por que são pobres? Sim, mas pobres de espírito. São os primeiro sorque são judeus e judeus que vigiavam o rebanho, trabalhando mesmo durante a madrugada. Com a presença desses pastores, o Menino Deus nos ensina que devemos vigiar e orar sempre, para podermos alcançar a verdadeira alegria.

O Menino Jesus fala por meio do Anjo. O anjo, provavelmente São Gabriel, se alegra com o nascimento de Jesus e o anuncia aos pastores e junto com grande multidão de anjos canta a Glória de Deus e sua infinita bondade. O anjo se alegra e se rejubila, pois com o nascimento do Menino Jesus, Deus será mais amado, em pouco tempo, do que o foi durante os milhares de anos que precederam o nascimento de Jesus. Com a presença do Anjo, a Divina Criança nos ensina a alegria de exercer o apostolado, de ajudar os outros a conhecer, amar e servir a Deus. Ele nos ensina a alegria que é a salvação.

O Menino Jesus fala por meio de São José. É um carpinteiro o responsável pela Santa Família. Com a presença de São José no estábulo, a divina criança nos ensina a servir e defender prontamente a Cristo e a Nossa Senhora. Ele nos ensina a defender a Igreja e a servi-la com extrema fidelidade e bravura, pois nesse momento poderíamos dizer que a Igreja se resumia aos três.

O Menino Jesus fala por meio de Maria Santíssima. É uma Virgem que se torna Mãe de Deus. Com a presença de Nossa Senhora no estábulo, Ele nos ensina que a castidade, a pureza, a submissão completa à vontade de Deus traz grandes frutos. É a virtude que traz grandes frutos e frutos de vida eterna. A santidade de Nossa Senhora trouxe a salvação, que é Cristo, não só para ela, mas para todos os homens.

O Menino Jesus escolheu todas essas circunstâncias para nos ensinar que Ele é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus: esse Menino  é o Senhor dos anjos e dos homens, das cidades, dos astros do céus, dos animais, de todos os elementos da natureza. O Menino Jesus escolheu todas essas circunstâncias para que reconheçamos nEle o nosso Salvador.

Se o Menino Deus nos ensina tantas coisas e sofre tanto por nós, Ele nos pede uma só: que o amemos em troca, praticando o que nos ensina.  E Ele pede que o amemos profundamente. O Verbo se fez carne. Deixemos, então, o nosso coração de pedra, insubmisso a Deus. O Menino Jesus nasceu para que possamos amar a Deus sobre todas as coisas, retribuindo seu amor infinito.

Grande alegria, caros católicos! Um pequenino nos nasceu o Filho de Deus nos foi dado.

Puer natus est nobis et Filius datus est nobis.

Feliz e Santo Natal a todos.

Após a Missa haverá a adoração do Menino Jesus, feita no banco de comunhão. Terminada a adoração, todas as crianças estão convocadas a vir na sacristia com seus pais para receberem uma lembrancinha de natal preparada por uma fiel.

[Sermão] Advento: alegria

Sermão para o Terceiro Domingo do Advento (Gaudete)
16 de dezembro de 2012 – Padre Daniel Pinheiro

 

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave-Maria…

Gaudete semper in Domino. Iterum dico: gaudete. Alegrai-vos sempre no Senhor. Digo de novo: alegrai-vos.

O apóstolo São Paulo nos pede hoje a alegria. E mais do que nos pedir a alegria, suas palavras são uma ordem para que nos alegremos. É, porém, possível obrigar alguém a ser alegre? É possível dar uma ordem a alguém para que a pessoa seja alegre? Para responder a essa questão, devemos saber o que é a alegria. A alegria consiste no fato de possuirmos um bem que desejamos. Quando desejamos algo, alegramo-nos quando conseguimos essa coisa. Aquele que procura um emprego, por exemplo, alegra-se ao alcançá-lo.

A alegria consiste, então, em possuir um bem que desejamos. Essa alegria será verdadeira se o bem que possuímos é um verdadeiro bem e será falsa se possuímos um falso bem, se possuímos um bem aparente. O bem de cada coisa consiste em agir segundo a sua natureza. Assim, cada ser será verdadeiramente alegre na medida em que segue as leis dadas por Deus ao ser criada. Uma alegria fora da lei de Deus será uma alegria aparente, será uma alegria falsa que terminará necessariamente em tristeza. Claro que somente os animais e os seres espirituais podem ser alegres. A alegria dos animais será uma alegria sensível. A alegria do homem será, sobretudo, espiritual. Dessa forma, o cachorro será alegre na medida em que age como cachorro, na medida em que come, dorme, brinca, faz companhia a seu dono etc. O homem será alegre na medida em que agir segundo a sua natureza. Ora, o homem não tem uma natureza puramente animal. Ele tem uma natureza que é também espiritual. O homem é um animal racional. O bem do homem é agir conforme à sua natureza racional. Assim, a alegria do homem consistirá em agir segundo a sua natureza racional.

A natureza racional significa a inteligência e a vontade. A inteligência foi feita para conhecer a verdade. A vontade foi feita para amar o bem. O homem será verdadeiramente alegre na medida em que conhecer a verdade, na medida em que amar essa verdade, na medida em que colocar em prática essa verdade. Todavia, não basta ao homem qualquer verdade ou qualquer bem. O homem só será verdadeiramente alegre no conhecimento da verdade suprema e no amor ao bem infinito. Claro que essa verdade e esse bem só podem ser Deus. A verdadeira felicidade do homem é Deus. Por isso São Paulo diz: alegrai-vos não com qualquer coisa, mas no Senhor. No Senhor, ele diz. A felicidade do homem é conhecer a Deus e amar a Deus. E conhecê-lo e amá-lo tal como Ele se revelou a nós, conhecendo e aderindo ao que Ele nos ensinou e colocando em prática os seus ensinamentos. Eis, então, a alegria do homem: servir a Deus nessa terra para ser eternamente feliz no céu, pois no céu nós conheceremos perfeitamente a Verdade e amaremos a Verdade plenamente: seremos, portanto, infinitamente alegres.

São Paulo pode, então, nos dar a ordem de sermos felizes no Senhor, pois a felicidade é mera consequência da nossa obrigação de conhecer, amar e servir a Nosso Senhor Jesus Cristo, que é a Verdade, o Caminho, a Vida. Se somos obrigados a vivir em estado de graça, somos obrigados a ser felizes. Se seguimos Nosso Senhor, estando em estado de graça, em amizade com Ele, sem pecado mortal, devemos ser verdadeiramente alegres, o máximo possível nesse vale de lágrimas, pois possuiremos o maior bem que podemos possuir. O cristão é, portanto, necessariamente alegre. E sua alegria consiste justamente em praticar com seriedade a religião. Uma das grandes tentações do demônio é tentar nos convencer de que a prática da religião é algo triste e melancólico, como se tivéssemos de deixar de lado os maiores bens para poder servir a Deus. Isso é uma mentira… Ao servir a Deus nós abandonamos bens aparentes, falsas alegrias, quer dizer, abandonamos tudo aquilo que pode nos afastar de Deus e ofendê-lo. O cristão é o homem mais feliz já aqui nessa terra. É preciso ter consciência disso.

Claro que essa alegria é, antes de tudo, uma alegria espiritual e não necessariamente uma alegria sentimental. Estamos aqui nessa terra em verdadeiro vale de lágrimas. Portanto, a tristeza também é natural e boa quando perdemos verdadeiros bens: a saúde, um familiar, um bem material… A tristeza que surge desses males é perfeitamente legítima, mas deve ser uma tristeza moderada, pois a saúde, os entes queridos não são o maior bem. O maior bem é Deus e enquanto estamos unidos a Ele pela graça, devemos ser profundamente felizes. Muitas vezes, na verdade, a perda desses bens inferiores nos permite uma união maior com Deus, aumentado a nossa alegria no futuro. É por isso que os santos sofrem tanto, mas continuam profundamente alegres. Eles entendem que esses sofrimentos permitem uma maior união com Nosso Senhor Jesus Cristo e eles sabem que isso é a verdadeira alegria. Quanto mais uma pessoa for santa, mais ela será verdadeiramente alegre. Se a união com Deus é o bem supremo e causa da verdadeira alegria, o maior mal que existe é a perda de Deus pelo pecado grave. Se o pecado grave é o maior mal, ele deve ser também o motivo de maior tristeza, mas uma tristeza sem desespero, pois a tristeza de um pecado cometido deve nos levar, justamente, a recobrar a felicidade pelo perdão desse pecado.

Venhamos, porém, à alegria do Advento e, em particular, desse terceiro domingo do Advento. A alegria se manifesta hoje na liturgia pela mudança da cor dos paramentos (de roxo para rosa), se manifesta no órgão que soa, nas flores que decoram o altar. Nos textos da Santa Missa, sobretudo nas primeiras palavras do Intróito que dão o tom para toda a liturgia.

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Como vimos, a alegria consiste na posse do verdadeiro bem que é Deus, que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Ora, é pela vinda de Nosso Senhor ao mundo que nós fomos redimidos, é pela vinda de Nosso Senhor ao mundo que nós podemos nos unir a Deus, deixando de lado o pecado. O nascimento de Nosso Senhor é a própria alegria que vem sobre a terra. O homem, pelo pecado de Adão, não tinha mais os meios para ser verdadeiramente alegre. O homem não podia reparar pelo pecado original, pois esse é uma ofensa infinita a Deus e o homem é uma pobre criatura finita. Deus Pai mandou, então, o seu Filho, que também é Deus, para nos salvar, para nos trazer de volta a alegria.

O Santo Evangelho nos mostra a alegria pela vinda de Cristo. Até a vinda de São João Batista, precursor de Cristo, é motivo de grande alegria, pois anuncia a encarnação. O anjo diz a São Zacarias, pai de São João Batista: ele será para ti motivo de gozo e de alegria e muitos se alegrarão nasceu nascimento (Lc I, 14). Os Reis Magos, vendo novamente a estrela que os conduzia, ficaram possuídos de grandíssima alegria (Mt II, 10). A estrela que nos conduz até Belém é o tempo do advento. Com a voz de Maria, São João Batista, ainda no seio de Santa Isabel se alegra ao reconhecer Nosso Senhor Jesus Cristo: a criança estremeceu de alegria no meu seio (Lc I, 44), diz a prima de Nossa Senhora. E Maria responde: meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador (Lc I, 47). O anjo diz aos pastores: O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo (Lc II, 10). Os anjos cantam Glória a Deus nas alturas (Lc II, 14).

No advento, portanto, nossa alegria é imensa. Eis que o Salvador já está próximo, ele está próximo de vir ao mundo para operar a redenção, para nos trazer a superabundância da graça. Sem Cristo, sem a sua encarnação, sem o seu nascimento no estábulo de Belém, sem sua paixão e morte, estaríamos condenados à tristeza eterna.

Com o nascimento de Nosso Senhor, é a felicidade que deve começar a brotar em nossas almas. A expectativa do nascimento do Menino Jesus, do Menino Deus, já é para nós motivo de grande alegria.  A expectativa dos justos causa alegria (Prov X, 28), nos diz a Sagrada Escritura no Livro dos Provérbios.

Alegria porque recordamos esse fato histórico e a bondade infinita de Deus contida na vinda de Cristo ao mundo. Alegria porque assim como Cristo nasceu no estábulo de Belém, trazendo ao mundo a verdadeira felicidade, Ele quer agora trazer a felicidade em nossas almas. Ele quer que as almas reencontrem essa verdadeira felicidade que consiste em conhecê-lo, amá-lo e servi-lo.

Não façamos como os fariseus que foram interrogar São João Batista: Nosso Senhor Jesus Cristo estava no meio deles, e eles o desconheciam. O mundo hoje está, nessa época do Natal, cheio de alegria, mas na maior parte das vezes é uma alegria aparente, uma alegria falsa, porque é uma alegria sem o Menino Jesus. O Menino está no mundo, mas o mundo o ignora. Para que nossas almas reencontrem a verdadeira felicidade, é preciso que nos convertamos, abandonemos o velho homem a fim de que um novo homem possa nascer com o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Um novo homem alegre, verdadeiramente alegre. Alegre no Senhor.

Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos.

[Sermão] A Imaculada Conceição de Maria Santíssima

Sermão para a Solene Festa da Imaculada Conceição de Maria Santíssima
8 de dezembro de 2012 – Padre Daniel Pinheiro

 

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Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave Maria. […]

Hoje é um dia de imensa alegria, caros católicos, dia de imensa alegria espiritual. Gaudens gaudebo. É com essas palavras de grande júbilo que a Santa Igreja começa a Missa de hoje. O Intróito da Missa sempre nos indica o estado de alma particular que devemos ter para assistir à Missa do dia. As primeiras palavras são as mais importantes. Gaudens gaudebo in Domino. Alegrando-me alegrar-me-ei no Senhor. A causa dessa imensa alegria espiritual é múltipla.

Nossa Senhora, concebida sem pecado, é a Estrela da manhã, nos diz a Ladainha da Santíssima Virgem. A estrela da manhã é mensageira infalível da aurora, da vinda do sol e indica o fim da noite. Quando a estrela da manhã se levanta no horizonte e sua luz brilha, já sabemos que o dia se aproxima.

É hoje o dia em que a estrela da manhã se levanta no horizonte.

É hoje, com a Imaculada Conceição de Nossa Senhora.

Hoje, Maria Santíssima foi formada no ventre de Santa Ana, preservada do pecado original. A Imaculada Conceição anuncia a vinda próxima do Salvador.

O Dogma da Imaculada Conceição foi proclamado pelo Bem-Aventurado Papa Pio IX em 1854. Eis as palavras do Santo Padre:

A Encíclica Ineffabilis Deus, do Papa Pio IX, definiu o dogma.

Pio IX definiu o dogma na Encíclica Ineffabilis Deus.

“[…] Com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a Nossa, declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, foi revelada por Deus, e, por isso, deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.”

Assim, trata-se de uma verdade revelada proposta como tal pela Santa Igreja. Aquele que a nega, duvida ou a questiona naufraga na fé e já não pode agradar a Deus, pois sem fé é impossível agradar a Deus, como nos diz São Paulo (Heb XI, 6).

Como todos sabemos, a Imaculada Conceição não é invenção do séc. XIX. Basta conhecer um pouco de história para ver quantas imagens da Imaculada Conceição anteriores a esse século existem. Mas muito mais do que isso.

A Imaculada Conceição está na profecia do Gênesis, que nos diz que uma mulher e sua raça será inimiga da serpente. Essa inimizade é tal que Nossa Senhora nunca esteve sob o domínio da serpente pelo pecado. E com sua descendência a mulher esmagará a cabeça da serpente.

A Imaculada Conceição está no Véu ou Velo de Gedeão: quando tudo ao redor recebeu o orvalho, o véu permaneceu seco. Quando tudo ao redor ficou seco, Nossa Senhora recebeu o orvalho.

A Imaculada Conceição está em Ester, dispensada da lei que mandava matar toda pessoa que aparecesse na presença do Rei sem ser anunciada. Ester apareceu diante do rei sem ser anunciada e não foi punida. Nossa senhora apareceu no mundo e não foi punida pelo pecado original.

A Imaculada Conceição está no anúncio do Anjo: Ave, CHEIA de graça.

A Imaculada Conceição está na “Mulher”, do décimo segundo capítulo do Apocalipse; revestida de sol, com doze estrelas ao redor, com a lua aos seus pés, vitoriosa sobre o dragão.

Poderíamos citar ainda outras passagens…

Vale destacar, porém, como o faz Pio IX, que a Imaculada Conceição não exclui Nossa Senhora da obra da redenção realizada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Só nEle pode ser encontrada a salvação. Maria Santíssima, como filha de Adão, deveria ter sido concebida com o pecado original. E se Ela foi preservada, foi preservada em virtude dos méritos futuros de Cristo. Nossa Senhora é, portanto, redimida, mas redimida de uma forma mais perfeita que os outros homens. Ela é redimida de uma maneira que convém à Mãe de Deus.

É possível salvar alguém da lama de uma poça de duas formas: ou impedindo que a pessoa caia na poça ou lavando a pessoa depois de ela ter caído na poça e se enlameado. Deus pode salvar da lama do pecado dessas duas formas. Claro que salvar uma alma preservando-a da lama do pecado é muito mais perfeito e melhor. Esse modo perfeito e mais pleno de redenção convinha unicamente à Mãe de Deus.

A Imaculada Conceição convém unicamente à Maria Santíssima e a mais ninguém. A Imaculada conceição é tão própria a Nossa Senhora que se tornou nome próprio. Nossa Senhora em Lourdes se apresenta à Santa Bernadette dizendo: Eu sou a Imaculada Conceição. Os pastores e os fiéis já muito antes de Lourdes chamavam Nossa Senhora de “a Imaculada Conceição”, ou simplesmente, “Imaculada”.

Dizíamos que hoje é um dia de júbilo por inúmeras razões.

É um dia de grande alegria porque toda a Santíssima Trindade é glorificada por sua obra-prima, aquela obra que estava na inteligência divina desde toda a eternidade, sempre associada ao Verbo de Deus Encarnado. A perfeição de Maria, a ausência de pecado e a sublimidade de suas virtudes nos permite ter um espelho da justiça divina, nos permite ver um reflexo da santidade divina e amar mais profundamente a Deus. Eis porque Maria é chamada “Espelho de Justiça”.

É um dia de grande alegria porque Nosso Senhor Jesus Cristo é honrado. Ora, parte da honra dos filhos está nos pais. O fato de Nossa Senhora nunca ter estado sob o mínimo domínio do pecado é uma grande honra para seu Filho, Cristo. O contrário, quer dizer, se Nossa Senhora tivesse conhecido o pecado, seria certa desonra para Nosso Senhor. Ora, em Cristo não há nenhuma desonra; é preciso, então, que Nossa Senhora seja concebida sem pecado.

Hoje é um dia de grande alegria porque honramos também a Nossa Senhora, quer dizer, damos testemunho de sua excelência. Pois isso é honrar: dar testemunho da excelência de alguém. Nós reconhecemos que ela nunca esteve sob o domínio do pecado.

A Imaculada Conceição, como todo privilégio dado à Maria, é uma preparação ou uma consequência da Maternidade Divina. Ora, para ser digna Mãe de Deus não convinha que Maria estivesse submetida ao pecado, não só no momento de sua concepção, mas durante toda a sua vida. Aquela que tanto cooperou na nossa Salvação não pode jamais ter estado sob o domínio do pecado e do demônio. Maria Santíssima foi concebida sem pecado e permaneceu pura de todo pecado e até mesmo de qualquer inclinação ao pecado durante toda sua vida. Em Maria, as paixões ou os sentimentos eram sempre ordenados pela razão e a razão inteiramente ordenada pela fé.

Todavia, a ausência de pecado em sua concepção e em toda a sua vida são simplesmente o aspecto negativo da Imaculada Conceição. Devemos, para testemunhar devidamente as excelências de Maria no Mistério da Imaculada Conceição, considerar também o aspecto positivo desse Mistério.

O primeiro ponto é que onde não há pecado, há, necessariamente, a graça, a amizade com Deus. Nossa Senhora foi, portanto, concebida em estado de graça. Mas não uma graça qualquer. A graça de Maria no momento de sua concepção é uma graça maior que a graça de todos os santos e anjos no céu. Repito: a graça de Maria no momento de sua concepção é maior que a graça de todos os santos e anjos no céu. Assim o dizem os mariólogos. E isso porque a preparação, ainda que distante, para se tornar Mãe de Deus exige uma graça superior a todas as outras graças juntas. A cada dignidade corresponde uma graça proporcional. A cada missão a graça necessária para cumprir bem essa função. A dignidade e a função de Mãe de Deus é imensamente superior a qualquer outra. Portanto, mesmo a preparação para essa dignidade exige uma graça imensamente superior a todas as outras, mesmo juntas.

Além disso, quanto mais algo está perto da causa, mais ela sofre o efeito. Quanto mais algo está perto de fogo, mais ele é esquentado. Maria Santíssima, pela Maternidade Divina, está o mais perto possível de Cristo, fonte da graça. Essa proximidade tem como efeito uma graça que não podemos calcular. E essa graça de Nossa Senhora foi crescendo ao longo de toda a sua vida, pois cada ato seu era feito com uma caridade mais intensa que o ato anterior. A graça em Nossa Senhora progredia em movimento acelerado, dada a sua fidelidade perfeita às inspirações divinas. Se já em sua Conceição Imaculada sua graça era superior a de todos os santos e anjos juntos, podemos imaginar quão ardente era sua caridade no final da vida.

Diga-se, de passagem, que toda essa plenitude de graça de Maria é um pálido reflexo da graça de Cristo. A graça de Cristo era tão grande, desde o momento de sua concepção, que não podia haver maior, de tal sorte que a graça de Cristo não podia nem mesmo crescer durante a sua vida. E, claro, junto com essa plenitude de graça em Maria Santíssima estavam também todas as outras virtudes em grau imenso: a fé, a esperança, a caridade, a prudência, a justiça, temperança, a fortaleza, a humildade, a modéstia, a paciência, a obediência e todas as outras.

Devemos, então, nesse 8 de dezembro, nos alegrar com tamanha excelência de Nossa senhora, com tamanha caridade, com tamanha fidelidade à graça, com tamanha adesão a Deus. Devemos, contudo, ter sempre em mente que Nossa Senhora guardou em cada momento de sua vida a liberdade, embora Deus a tenha assistido de modo particular.

Louvemos, portanto, à Maria, cantando suas excelências.

E o último motivo de alegria para nós é o bem de nossa própria alma. O dia da Imaculada Conceição deve favorecer em nós a devoção à Maria Santíssima, devoção que devemos ter, pois Deus quis que nos dirigíssemos ao Céu pelo mesmo caminho que Ele usou para vir até nós. Devemos ser devotos de Maria, pois Cristo nos entregou a ela como filhos. A devoção consiste na prontidão da vontade em se entregar às coisas que pertencem ao serviço de Deus. A devoção é, portanto, algo que está na vontade e não no sentimento. Ser devoto de Maria é estar sempre pronto para servi-la, a fim de poder melhor servir a Deus. Trata-se de melhor servir a Deus servindo a Maria, como fizeram os empregados nas bodas de Caná, obedecendo à Maria, a fim de obedecer a Cristo.

Todavia, essa prontidão no serviço a Maria para melhor servir a Cristo não brotará espontaneamente em nossas almas. A devoção tem duas causas: a primeira é Deus, a segunda é a meditação. Assim, se queremos ser verdadeiros devotos de Maria, servindo-a pela imitação de suas virtudes – que vimos são sublimes – devemos, primeiramente, pedir essa graça a Deus e a ela mesma. Devemos, ao mesmo tempo, considerar as virtudes de Maria Santíssima, pois dessa consideração nascerá o desejo de imitar essas virtudes, imitação que é a verdadeira devoção a Maria Santíssima.

Portanto, grande alegria nesse dia de hoje. Alegria porque com a Imaculada Conceição a Santíssima Trindade é glorificada ao mostrar ao mundo a sua obra-prima. Alegria porque Nosso Senhor Jesus Cristo é honrado, pois a honra dos filhos depende em parte da perfeição dos pais. Alegria porque Nossa Senhora é honrada, e isso não só pela ausência do pecado, mas pela presença sublime de todas as virtudes. Alegria porque a admiração e a consideração dessas virtudes são o primeiro passo para imitá-las. Alegria porque Nossa Senhora nos mostra o caminho da salvação. Ela nos mostra e nos transmite, qual um aqueduto, as graças que precisamos para chegar à salvação. Ela é a estrela da manhã que anuncia o sol. E onde há sol, já não pode haver trevas. Por sua Imaculada Conceição ela nos ensina o ódio ao pecado e o amor a Deus.

Um parêntese. Alegria também porque essa Virgem Imaculada, Mãe de Deus, está nos  céus e intercede por nós, por cada um de nós, e esmaga todas as heresias. Nesse tempo de apostasia generalizada, especialmente a partir do anos 60, recorramos à Imaculada Conceição. E confiança. Nossa Senhora manteve a fé, não se escandalizou. Alegria, Nossa senhora esmaga todas as heresias.

Ó Maria concebida sem pecado…

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Sermão (XIII) – Exortação para a Primeira Comunhão

Continuação do sermão para o 26º Domingo depois de Pentecostes (Pe. Daniel Pinheiro)

[…] Queria, porém, dizer algumas palavras ao jovem Carlos, que fará hoje sua primeira comunhão. Nós vimos que Cristo fala hoje da águia. Você deve ser como uma águia.

A águia voa alto, longe da terra. Você deve pensar nas coisas de Deus e fazer todas as coisas, mesmo as mais simples, por amor a Deus, buscando agradar a Deus.

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A águia olha para o sol e não fica cega. Você precisa olhar cada vez mais para o sol, que é Deus, e deve conhecer a fé católica cada vez melhor. A primeira comunhão não é o final, mas o começo.

A águia reconhece o seu alimento rapidamente e alcança esse alimento com rapidez. Você deve fazer a mesma coisa. Seu alimento espiritual é o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo e você deve se alimentar dele com frequência e sempre com a consciência pura. Continuar lendo

3º Domingo depois da Páscoa (25/04/2010)

2ª classe – Cor Branca

Epístola de São Pedro I; 2, 11-19

Caríssimos, rogo-vos que, como estrangeiros e peregrinos, vos abstenhais dos desejos da carne, que combatem contra a alma. Comportai-vos nobremente entre os pagãos. Assim, naquilo em que vos caluniam como malfeitores, chegarão, considerando vossas boas obras, a glorificar a Deus no dia em que ele os visitar. Por amor do Senhor, sede submissos, pois, a toda autoridade humana, quer ao rei como a soberano, quer aos governadores como enviados por ele para castigo dos malfeitores e para favorecer as pessoas honestas. Porque esta é a vontade de Deus que, praticando o bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos. Comportai-vos como homens livres, e não à maneira dos que tomam a liberdade como véu para encobrir a malícia, mas vivendo como servos de Deus. Sede educados para com todos, amai os irmãos, temei a Deus, respeitai o rei. Servos, sede obedientes aos senhores com todo o respeito, não só aos bons e moderados, mas também aos de caráter difícil. Com efeito, é coisa agradável a Deus sofrer contrariedades e padecer injustamente, por motivo de consciência para com Deus.

Evangelho segundo São João; 16, 16-22

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Ainda um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver, porque vou para junto do Pai. Nisso alguns dos seus discípulos perguntavam uns aos outros: Que é isso que ele nos diz: Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver? E que significa também: Eu vou para o Pai? Diziam então: Que significa este pouco de tempo de que fala? Não sabemos o que ele quer dizer. Jesus notou que lho queriam perguntar e disse-lhes: Perguntais uns aos outros acerca do que eu disse: Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver. Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria. Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas, depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de haver nascido um homem no mundo. Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria.

Novo lançamento da Editora Pinus!

Caros leitores,

A Editora Pinus, mais nova editora católica do país, lançou há alguns dias mais um excelente e piedoso livro, o Tratado da Alegria da Alma Cristã (Pe. Ambrósio de Lombez, OFM Cap.), cuja leitura queremos recomendar a todos. No site da editora vocês poderão encontrar informações mais detalhadas sobre este e outros dois excelentes livros já publicados, bem como fazer a compra deles pela Loja Virtual.

Agradecemos ao Editor por essa iniciativa de retomar a publicação de livros tão preciosos e edificantes para as almas católicas e rogamos à Virgem Santíssima que abençoe e torne muito frutuoso esse belo trabalho, para a maior glória de Deus!

Para que os leitores compreendam um pouco sobre o espírito que move a publicação desses livros e, assim, inspirem-se mais facilmente a lê-los, reproduzimos um trecho da apresentação que se encontra no próprio site da Editora.

“A Editora Pinus surgiu de uma constatação muito simples: hoje já quase não se encontram livros católicos. Alguém que, na prateleira de um mercado, encontrasse apenas veneno, não poderia ficar inerte esperando chegar a comida, vendo a fome dos outros; não, a caridade manda que, quem dispusesse de meios para tanto, deveria buscar a comida nos celeiros e reservatórios, mesmo aqueles fechados, para entregá-la a outros tantos que não podem fazê-lo.

Assim é que a Editora Pinus tenta buscar nos celeiros da sabedoria católica o alimento espiritual que se encontra tão distante das prateleiras de hoje; e, dos reservatórios de piedade que se encontram fechados por causa da língua estrangeira, pretendemos trazer a lume a doutrina católica por meio de traduções do francês, espanhol, inglês e italiano para o português.

A importância de um bom livro não pode ser desprezada. Inspiramo-nos em Santo Antônio Maria Claret, que nos diz em sua Autobiografia:

“A experiência me ensinou que um dos meios mais poderosos para a propagação do bem é a imprensa, ao mesmo tempo que é a arma mais poderosa para se propagar o mal, quando dela se abusa. Por meio da imprensa podem-se produzir muitos livros bons e folhetos para o louvor de Deus. Nem todos querem ou podem ouvir a divina palavra, mas todos podem ler ou ouvir a leitura de um bom livro. Nem todos podem ir à igreja ouvir a palavra divina, porém o livro irá à sua casa. Nem sempre o pregador pode estar pregando, porém o livro sempre estará repetindo a mensagem, sem nunca se cansar, sempre disposto a repetir a mesma coisa, quer seja lido pouco ou muito, lido ou deixado uma ou mil vezes, não se ofende por isso, permanece o mesmo, sempre se acomoda à vontade do leitor. Sem dúvida, a leitura de bons livros sempre foi considerada de grande utilidade; hoje, porém, é de suma necessidade. Digo isto porque vejo que há como que um delírio para ler e, se as pessoas não têm bons livros, lerão os maus. Os livros são alimento para a alma. Se ao corpo faminto se oferece uma comida sadia será nutrido, mas se a comida está deteriorada, prejudicará o organismo. O mesmo ocorre com a leitura. Os que lerem livros bons e oportunos, adequados a si e às próprias circunstâncias, se sentirão nutridos e fortalecidos. Porém, se nutridos com livros perniciosos, periódicos e folhetos heréticos, verão corrompidas suas crenças e pervertidos seus costumes, extravia-se o pensamento, corrompe-se o coração e, do coração corrompido, saem os males, como disse Jesus, até chegar à negação da verdade primeira e do princípio de toda verdade, que é Deus: Dixit insipiens in corde suo: non est Deus: Disse o insensato em seu coração: Não há Deus.””

“Introibo ad altare Dei, ad Deum qui laetificat juventutem meam.”