Meditações para a Via Crucis para a Sexta-Feira Santa, dia 03 de abril de 2015,
1ª Estação
Jesus é condenado à morte
Pôncio Pilatos, governardor romano da Judéia, sabia que Jesus era inocente ; ele mesmo diz que não encontrou culpa nenhuma em Jesus. Entretanto… é ele mesmo quem o condena. Mesmo se a voz da sua consciência lhe dizia que Jesus era justo, o medo da revolta e o medo de perder sua carreira o fazem condenar injustamente o Homem-Deus. Quantas vez também nós, diante de Nosso Senhor Jesus Cristo e da sua santa religião, preferimos as comodidades do mundo… oh, quantas vezes agimos como se fosse a doutrina revelada por Jesus Cristo que devesse se dobrar aos imperativos do mundo e não o contrário. Quantas vezes por fraqueza não fazemos como Pilatos abafando a voz da nossa consciência?
Percorramos então estes passos do Calvário, meditando a grandeza de Nosso Salvador e de sua Santa Mãe, os quais nunca fraquejaram mesmo nos momentos mais terríveis. E procurando um exemplo que esteja mais a nosso alcance, imitemos o bom ladrão que dá ouvidos à sua consciência e pede perdão. Detestemos então nossos pecados e unamo-nos de todo coração ao sofrimento de Nosso Senhor Jesus Cristo durante a sua Paixão para que fortes desta união não voltemos nunca mais ao pecado.
2ª Estação
Jesus levando a cruz às costas
« Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me ». Eis o resumo da vida de um cristão, carregar a cruz. Se pelo batismo somos configurados a Nosso Senhor Jesus Cristo pelo caráter batismal, também a nossa vida será configurada à vida de Cristo. Como o discípulo não é maior que o mestre… se Cristo sofreu, nós também sofreremos. O Calvário é portanto um ponto de parada inevitável para todo o Cristão. Isto deve nos causar medo ? Não, de jeito nenhum. Pois é pela Cruz que Cristo venceu o mundo e será pela nossa cruz que venceremos o mundo também nós. A tua cruz é leve ? Tanto melhor, Deus não te pede muito pelo momento. A tua cruz é pesada ? Tanto melhor também, pois a tua recompensa será grande nos céus. Em todo o caso, por mais leves ou pesadas que sejam nossas cruzes… perto da cruz de Nosso Senhor elas são bem pequenas. Abracemos então nossas cruzes e carreguemo-las sem arrastá-las, tendo os olhos fixos no amor de Jesus Cristo por nós, que o levou a tanto sofrer no Calvário.
3ª Estação
Jesus cai pela primeira vez em terra
São Paulo escreve aos Filipenses sobre Jesus da seguinte maneira : « Sendo ele de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz ».
Como se não bastasse a humilhação da própria Encarnação, em que o Verbo assume uma natureza fraca e mortal, Jesus deixa-se cair por terra. Quem poderia ter imaginado tal gesto divino ? Deus feito homem, com a carne rasgada, a cabeça coroada de espinhos, que, não tendo mais forças para se sustentar, cai por terra.
Mas eis que tal queda não impede Nosso Senhor de se levantar, recuperar a cruz e continuar o seu doloroso caminho. Também nós, na nossa vida espiritual, não devemos nos desencorajar pelas nossas quedas, pequenas ou grandes, por malícia ou por fraqueza ; devemos, pelo contrário, confiar na misericórdia divina e retomar corajosamente nossa cruz e continuar nosso caminho neste vale de lágrimas.
4ª Estação
Jesus encontra-se com sua Mãe Santíssima
Santa Teresa d’Ávila soube por revelação que quando Simeão profetizou as dores de Nossa Senhora, esta conheceu todos os sofrimentos físicos e morais que o seu amado filho teria de sofrer antes de morrer crucificado. Já fazia portanto trinta e três anos que uma grande dor a acompanhava. Todavia, quanto mais doloroso não foi ver as profecias se cumprindo? Neste momento em que os olhares da mais perfeita das mães cruzam o olhar do mais puro dos filhos, a dor de Maria é sem medida. Ela vê o seu filho desfigurado, ensanguentado, batido e humilhado ; ela sabe que a cruz que Jesus carrega são nossos pecados. Entretanto, ela também nos ama e quer nossa salvação apesar dos nossos pecados. Como podemos ficar indiferentes diante de tal cena? Oh, Virgem das dores, dai-me um sincero arrependimento dos meus pecados, não quero mais vos ver sofrer no caminho do Calvário por causa de meus pecados.
5ª Estação
Simão Cirineu ajuda Jesus a levar a Cruz
O evangelho nos diz que Simão de Cirene retornava do campo. Ele retornava portanto provavelmente do seu trabalho de agricultor. A sua robustez lhe valeu de ser chamado para ajudar Jesus a carregar sua cruz. Simão toma a cruz a contragosto pois não estava nos seus planos participar de tão terrível cortejo. Mas eis que, vendo o silêncio de Jesus, que se comportava como um cordeiro que é levado ao matadouro, Simão é tocado pela graça.
Quanto a nós, não desperdicemos as graças que Deus nos envia, há certas graças que passam e que depois não passam mais. Não tomemos a cruz a contragosto como o fez Simão Cirineu. Pelo contrário, abracemo-la e beijemo-la. Que a cruz seja nossa fiel companheira, nosso estandarte, que para o mundo é loucura mas que para nós é sabedoria e vida.
6ª Estação
Santa Verônica enxuga o rosto de Jesus
A multidão era barulhenta e violenta, os soldados romanos que escortavam Jesus não tinham a ternura como qualidade predominante e os apóstolos e discípulos de Jesus estavam quase todos apavorados e imobilizados pelo medo. Mas eis que Santa Verônica, uma frágil senhorita, com um véu de linho se aproxima de nosso Salvador. O sangue, os cuspes, o suor e as feridas não foram capazes de esconder desta santa mulher a divindade da face de Nosso Senhor. Eis que ela enxuga, com a delicadeza própria das mulheres, o rosto desfigurado do Salvador.
Ela encarna a aspiração de todos os santos do Antigo Testamento que esperaram séculos para ver a « Face do Senhor ». Eis qual deve ser nossa motivação durante toda a nossa vida : ver a Face de Deus na bem-aventurança eterna.
7ª Estação
Jesus cai pela 2ª vez
A pior queda é aquela que nos sobrevém quando estamos desprevenidos. Para um atleta não há nada mais vergonhoso do que cair quando se está no auge da corrida. Quando tudo parece ir bem e que de repente tudo desmorona.
Se Jesus quis car um segunda vez é para nos mostrar a nossa fraqueza. Somos tão cegos em relação a nós mesmos e em relação a nossa natureza que foi preciso que Deus se fizesse homem e se humilhasse a tal ponto para que aprendêssemos a lição.
Não tenhamos ilusões. A perfeição cristã é difícil e requer esforços. Não tem jeito. Por mais que estejamos avançados, continuamos pecadores. Recorramos com frequência à confissão, afim de que o exemplo de Jesus não tenha sido dado em vão.
8ª Estação
Jesus consola as filhas de Jerusalém
Um grande número de pessoas o seguia, inclusive mulheres que lamentavam e choravam por ele. Jesus voltou-se e disse-lhes: “Filhas de Jerusalém, não chorem por mim; chorem por vocês mesmas e por seus filhos! Pois chegará a hora em que vocês dirão: ‘Felizes as estéreis, os ventres que nunca geraram e os seios que nunca amamentaram! ’ “Então dirão às montanhas: ‘Caiam sobre nós! ’ e às colinas: ‘Cubram-nos! ’ Pois, se fazem isto com a lenha verde, o que acontecerá quando ela estiver seca? “.
De que adianta chorar lágrimas e lágrimas por Jesus, se estas lágrimas não nos levam a reformar nossas vidas ? « Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus ». Não são nossas palavras ou nossas expressões que mostram se somos realmente católicos, são nossos atos. O verdadeiro católico é aquele que faz a vontade de Deus no seu quotidiano. O que Jesus repreende às filhas de Jerusalém é uma piedade demasiadamente sentimental, que não tira as últimas consequências e que não leva a pessoa a reformar sua vida. Oh meu Jesus, dai-me a graça de ser católico integralmente, nos meus pensamentos, palavras e obras !
9ª estação
Jesus cai pela 3ª vez
Alguns mártires transcorreram seus últimos instantes com uma valentia sem igual. São Lourenço, por exemplo, até ironiza com seus carrascos e pede para ser virado na grelha. Santo Inácio de Antioquia dava socos nos leões da arena para motivá-los. Tais graças de coragem foram dadas a esses mártires pelo próprio Cristo. Ele poderia muito bem tê-la dado a si mesmo. Entretanto, não o fez. Jesus escolheu a humilhação e o desprezo até o último instante. Ele, que, sendo Deus, poderia a qualquer momento humilhar seus miseráveis carrascos, não o fez.
O que ele nos quis mostrar é que o importante nas nossas ações não é o entusiasmo ou a alegria com o qual são feitas mas sim a constância e o amor que estão por trás destas ações. Muitas vezes a prática da religião não nos trará nenhum consolo nem nenhum agrado. É nesses momentos que é preciso guardar a fé e o amor pois é nesses momentos que conquistamos as maiores vitórias.
10ª estação
Jesus é despido de suas vestes
O rei Davi já havia profetizado no salmo 21: “Dividiram minhas vestes e sobre elas jogaram sortes”. Nosso Senhor é despojado de suas vestes com grande violência e dor. A dor física provinha do fato que suas vestes já estavam coladas ao seu corpo por conta dos ferimentos ensanguentados e a dor moral pelo fato de encontrar-se nu. Oh Jesus, dai-nos a graça de comprender pelo despojamento de vossas vestes como devemos nos desapegar dos bens desse mundo. Fujamos das modas imorais, pois os pecados contra a modéstia levam muitas pessoas ao inferno, como revelou Nossa Senhora em Fátima. Que o nosso único verdadeiro apego seja a Nosso Senhor Crucificado !
11ª Estação
Jesus é pregado na Cruz
Para os romanos, a cruz era o suplício reservado aos escravos ; os cidadãos romanos tinham direito de morrer decapitados. Também para os judeus, ser pendurado no patíbulo era o suplício mais vergonhoso como o diz o livro do Deuteronômio. Foi por isso que Cristo o escollheu. Se ainda não percebemos quão grande foi o amor de Deus por nós, que pelo menos vendo o suplício que ele escolheu percebamos o quanto Ele nos amou.
Como retribuímos esse amor ? Seguindo as modas do mundo que na maioria das vezes ofendem a Deus, procurando gozar a vida? Será que não poderíamos encontrar um maneira melhor de mostrar nosso amor por Jesus Cristo ?
Que tal praticar seus mandamentos, conhecer o catecismo e praticar a caridade? Que tal frequentar os sacramentos e fazer obras de misericórdia ?
Oh meu Jesus, que o vosso amor incendeie meu coração e que a minha vida seja toda centrada em vós. Que vós sejais o meu único objetivo, a minha única esperança e o meu único amor.
12ª Estação
Jesus morre na Cruz
Quando olharmos para o crucifixo a única coisa que devemos ver é o amor imenso de Deus por nós. Se Deus se incarnou e sofreu uma morte tão cruel, foi pelo único motivo de nos redimir e de nos salvar. Como explicar esse amor ? Por que Deus amou o homem pecador ? Por que Deus amou cada um de nós ao ponto de morrer por todos nós ? Por que Cristo não se contentou com um simples gesto de amor? Por que foi até a morte de Cruz?
Tais perguntas não tem resposta. É o mistério da Redenção.
Quanto a nós, não deixemos de responder a um tal amor. Que loucura faríamos se ignorássemos tal iniciativa divina. Seríamos como um amigo que recusa as manifestações de amizade de um outro amigo. Jesus deu a maior prova de amor que jamais se conheceu e que jamais se conhecerá. Não fiquemos indiferentes e façamos como ele ; amemo-nos uns aos outros como Ele nos amou.
13ª Estação
Jesus é descido da Cruz e depositado nos braços de sua Mãe Santíssima
José de Arimatéia e Nicodemos descem Jesus da cruz e o colocam entre os braços de Maria Santíssima. Ela retira a coroa de espinhos da cabeça de seu filho e vê as profundas feridas deixadas pelos espinhos ; ela contempla com dor os olhos abertos e escurecidos pelo sangue, o corpo todo machucado e os ossos descarnados.
Se às vezes não compreendemos os sofrimentos que nos sobrevêm, pensemos que de jeito nenhum Nossa Senhora mereceu tal sofrimento. A mais pura e mais bela das criaturas, a mãe de Deus, se encontra ali, no monte Calvário, com seu filho morto entre seus braços… eis um sofrimento que somente as mães podem começar a saber o que é. A carne da sua carne, o sangue do seu sangue, o Deus feito homem que durante nove meses habitou no seu ventre, está reduzido a um cadáver maltratado. Oh Maria ! é por causa de meus pecados que vós vos encontrais em tal situação, dai-me a graça de nunca mais tornar a ofender vosso Filho e dai-me a graça da perserverança final.
14ª Estação
Jesus é colocado no sepulcro
Contemplemos Nossa Senhora que desce lentamente o monte Calvário apoiada sobre o ombro de São João. As terríveis cenas que ela presenciou estão gravadas para sempre na sua memória e o seu sofrimento acompanha o ritmo da sua caminhada. O sofrimento de Nossa Senhora é grande, entrentanto maiores são a sua Fé e a sua Esperança. Ela sabe que o demônio não triunfará e que a raça da mulher triunfará sobre a raça da serpente. Ela sabe que o sepulcro onde o corpo do Salvador é colocado servirá de palco ao milagre mais estupendo de Nosso Senhor, a sua gloriosa ressurreição.
Também nós devemos ter uma Esperança absoluta na Providência divina. A Igreja está passando por uma crise sem precedentes, uma crise do sacerdócio e da Fé, um verdadeiro Calvário. Guardemos a Fé e combatamos o bom combate, pois deste combate já conhecemos o vencedor, Jesus Cristo Nosso Senhor.