Sermão para o 26º Domingo depois de Pentecostes (25 de novembro de 2012)
Padre Daniel Pinheiro
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém. Ave Maria…
Estamos hoje, caros católicos, no último Domingo depois de Pentecostes, que é o último domingo do ano litúrgico. A partir do domingo que vem entraremos no Advento, nos preparando para a festa do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Como já falei anteriormente, o último domingo do ano litúrgico simboliza o final dos tempos. E, por isso, Nosso Senhor fala, no Evangelho, de muitas coisas que devem anteceder o final do mundo e que servem também como um sinal do fim dos tempos.

“Esta geração não passará sem que se cumpram todas essas coisas.”
Mas Nosso Senhor, no Evangelho de hoje, não nos fala somente do fim do mundo. Ele nos fala também da queda de Jerusalém, ocorrida algumas décadas depois de seu discurso. O Evangelho que agora cantamos responde a duas perguntas feitas pelos discípulos. Uma pergunta é referente à queda de Jerusalém e a outra é referente à sua segunda vinda e ao fim do mundo. Nesse discurso, Ele responde a essas duas perguntas no estilo dos antigos profetas, com quadros descritivos do futuro que se sobrepõem, um sendo a prefiguração do outro. Aqui é exatamente isso que ocorre. Nosso Senhor trata da ruina de Jerusalém e do fim do mundo, pois a queda de Jerusalém é uma prefiguração do fim do mundo.
O ponto que destaco hoje é que a segunda vinda de Cristo será evidente. Nosso senhor será visto do oriente ao ocidente, seu sinal, que é a cruz, aparecerá no céu. É a cruz que aparecerá no céu, para o conforto dos católicos sinceros e para o pavor dos que pisoteiam a cruz de Cristo com suas obras más. É a cruz que aparecerá no céu como o sinal da vitória de Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a morte, o pecado, o demônio. Todos os povos da terra verão o Filho do Homem – Cristo – vir sobre a nuvem do céu com grande poder e majestade. Assim como as águias reconhecem o corpo de sua presa, os homens poderão saber claramente quando Cristo vier pela segunda vez. Assim, é preciso fugir dos falsos profetas e falsos cristos. Cristo está aqui, Cristo está ali. Não! Cristo já veio uma vez para nos salvar e a sua segunda vinda será conhecida amplamente por todos em virtude do que acabamos de falar: é o anticristo que se apresentará como o messias, como se Nosso Senhor não tivesse vindo nos salvar. E muitos homens carregarão a marca do anticristo na cabeça e nas mãos. “Na cabeça”, quer dizer que terão as ideias dele, contrárias às de Nosso Senhor e às de sua Santa Igreja. “Nas mãos”, quer dizer que farão as obras de iniquidade propostas pelo anticristo. E ele enganará a muitos fazendo prodígios, que, destaco, não são milagres, pois esses prodígios não estarão acima de toda criatura, mas serão obra de uma, o demônio. Não devemos nos enganar. Como São Paulo disse aos Gálatas: “ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie um Evangelho diferente daquele que vos temos anunciado, seja anátema.” E isso, claro, vale não só para o final dos tempos, mas para qualquer tempo. O Messias já veio ao mundo para nos salvar, e ele nos ensinou a Verdade imutável, guardada intacta, mas também defendida, explicada e pregada pela Igreja Católica.
Nosso Senhor diz ao seus interlocutores “esta geração não passará sem que se cumpram todas essas coisas”. Ora, quando Cristo fala aos seus interlocutores que esta geração não passará, há aqui dois sentidos diferentes de geração que se referem aos dois acontecimentos históricos distintos. Em relação à destruição de Jerusalém é, de fato, a geração contemporânea a Nosso Senhor que não passará. Muitos dos que ali estavam com Cristo viram a queda e a destruição de Jerusalém feita pelo Império Romano cerca de 40 anos depois, no ano 70. Em relação ao fim do mundo, é a geração dos judeus que não terá passado. Os judeus continuarão a existir até o final dos tempos, e vão se converter antes do final do mundo, como nos diz São Paulo. Portanto, Cristo sabia que o fim do mundo não era imediato e toda a sua pregação mostra isso: Ele anuncia que o Evangelho vai ser pregado a toda criatura; Ele compara o desenvolvimento da Igreja ao grão de mostarda, crescendo pouco a pouco; Ele compara sua Igreja ao campo que foi semeado e que ao longo do tempo é coberto por trigo e joio até o dia da colheita, etc. Tudo isso pressupõe um período longo. Nosso Senhor, sendo Deus, não podia se enganar em relação à proximidade do fim do mundo. Ele diz aos Apóstolos que o Filho do homem não sabe a data do fim do mundo no sentido de que não pode revelá-la. Os Apóstolos compreenderam isso, pois em outro momento confessam que Cristo conhece tudo, ao dizerem a Ele: “agora conhecemos que sabes tudo, e que não é necessário que alguém te interrogue; por isto cremos que saíste de Deus”.
Duas são as lições do Evangelho de hoje: firmeza na fé imutável e conversão, em preparação para o dia do Juízo.
[Nota do Editor: A Segunda Parte (Exortação para Primeira Comunhão) do sermão proferido neste dia encontra-se no post seguinte.]
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.